
Uma entrevista com Willian Donizete Martins, 28 anos, de Minas Gerais. O artista digital vem fazendo sucesso com @arteficialismo. A conta criada no Instagram mostra como seria a vida de celebridades mundiais vivendo nas comunidades pelo Brasil.
NFoTo - Como começou com o Arteficialismo?
Willian Donizete - Comecei a criar arte com inteligência artificial em agosto de 2022. Até o momento, uma das ferramentas que mais utilizo já gerou mais de 14.000 imagens. Criei a página Arteficialismo com o intuito de organizar e expor as imagens que mais gosto em séries temáticas. Tem sido uma incrível forma de expressão artística para mim.

NFoTo - Imaginava tanta repercussão? porque vi muita gente comentando e curtindo...
Willian Donizete - Não, não imaginava. A repercussão nas redes sociais foi surpreendentemente grande e inesperada, considerando que não sou uma pessoa conhecida e minha conta foi criada do zero. Páginas com milhões de seguidores compartilharam minhas imagens, e portais de notícias fizeram matérias sobre elas. A maioria da repercussão pública foi positiva, mas houve algumas críticas divididas.
Algumas críticas negativas se concentraram na forma como a IA retratou a favela, com opiniões variadas sobre se estava romantizando a pobreza ou "sujando" a imagem das pessoas que vivem lá.
NFoTo - Como você cria as obras e o que usa para criar?
Willian Donizete - O processo consiste em várias etapas. Inicialmente, utilizo um modelo de inteligência artificial (midjourney) para gerar a base das imagens, incluindo o corpo e os cenários. Em seguida, utilizo outro modelo de IA (stable diffusion) mais complexo e preciso para corrigir imperfeições e torná-las mais semelhantes aos famosos retratados. Por fim, finalizo com retoques adicionais no Photoshop.

NFoTo - O que acha de todo o debate sobre IA na arte, fotografia...o que é real ou não?
Willian Donizete - Acho que todo debate é válido. Entendo o receio dos "artistas tradicionais" diante de uma nova tecnologia, mas acredito que rejeitar completamente a ideia e até mesmo repudiar quem a utiliza não seja o caminho adequado.
Um comentário recorrente que recebo é sobre o uso do termo "arte" para se referir às imagens criadas com IA. Alguns afirmam que essas obras nunca serão consideradas arte, pois falta alma nelas e que é apenas uma questão de escrever uma frase e apertar um botão, entre outros argumentos. É irônico, pois isso é similar ao que os artistas tradicionais diziam sobre a fotografia no passado, alegando que era mecânica, sem alma, apenas um retrato da realidade sem expressão artística, entre outros pontos. Atualmente, sabemos que a fotografia é muito mais do que isso e é reconhecida como uma forma estabelecida de expressão artística. É interessante como a história se repete.
Recebi também diversas críticas por utilizar inteligência artificial para criar as imagens e ser chamado de "artista". Curiosamente, ao longo da minha vida, quando fazia desenhos, montagens, entre outros, as pessoas me chamavam de artista e eu rejeitava este "título". Agora, dizem que não posso ser considerado um artista, então acho que estou em minha zona de conforto. Hahaha.

NFoTo - Como surgiu a ideia dos famosos na comunidade?
Willian Donizete - É engraçado, essa ideia foi totalmente despretensiosa e acabou sendo a que mais chamou a atenção das pessoas. Imagens de famosos geradas por IA já são um clichê, mas essa ideia específica foi inspirada em um meme que satiriza as chamadas sensacionalistas dos jornais televisivos, como "PERDEU TUDO! Entenda o drama de ... vivendo de aluguel”. Decidi explorar a ideia de como seria se eles realmente tivessem perdido tudo.
NFoTo - O que está preparando para esse ano? novos projetos?
Willian Donizete - Para este ano, depois do êxito da página, comecei a preparar um site para organizar e expor todas as séries de imagens de forma mais profissional. Além disso, estou pensando em novas ideias para as próximas séries de imagens, pois não quero abusar ou saturar o tema dos famosos que perderam tudo".
Além disso, tenho alguns projetos paralelos em andamento. Estou desenvolvendo um desenho animado com a ajuda da minha esposa. Temos uma história bem desenvolvida e avançada, mas a animação requer muito trabalho e é uma parte desafiadora do projeto. No entanto, é algo que tenho o desejo de concluir um dia.

Trabalho de Willian já faz sucesso no mundo todo...
NFoTo - Você usa outros recursos de IA...como ChatGPT? O que acha de todo o alvoroço por conta da tecnologia?
Willian Donizete - Sim, utilizo outros recursos de IA, como o ChatGPT, para organizar e desenvolver algumas ideias. Por exemplo, no caso do desenho animado que mencionei anteriormente, tenho uma aba do GPT onde explico toda a ideia e, em seguida, alimento o sistema com novas ideias para ver como ele as relaciona com os inputs anteriores. Isso me ajuda a ver a ideia de uma nova perspectiva e explorar outras possibilidades.
Além disso, tenho outro projeto chamado "MIDGPT", que é uma página no Instagram onde eu posto fotos de "humanos aleatorizados". O projeto consiste em séries de fotos de pessoas que não existem, mas que parecem familiares de alguma forma. Ensinei o ChatGPT a descrever pessoas únicas com traços individuais e peculiaridades próprias, em diferentes lugares e situações. Ele também cria especificações técnicas aleatórias de câmeras, como modelo, lentes, ISO, velocidade do obturador, abertura, etc. Depois de obter essa descrição aleatória do GPT, eu "alimento" a IA que interpreta essas descrições e "cria os humanos". É uma forma interessante de explorar a criatividade e as possibilidades da IA na arte.
Comentei anteriormente sobre as críticas das IA's que criam imagens, mas acho que esses são os menores dos problemas. Elas podem interferir no campo da arte e tirar o emprego de algumas pessoas, no pior dos casos, mas não muito mais que isso. Agora, com o GPT e modelos de linguagem, o 'problema' e o impacto podem ser muito maiores. O GPT é o mais próximo que temos da "AGI". No momento, ele já faz coisas que os próprios programadores não sabem explicar o porquê, e com o avanço dessa tecnologia, não podemos nem conceber qual seria o impacto na humanidade. Essa tecnologia, sim, será uma revolução.
NFoTo - O que te inspira e quais suas referências?
Willian Donizete - Às vezes, as ideias surgem do nada, de forma espontânea. Outras vezes, sou inspirado por situações e coisas ao meu redor, como assistir a um filme ou ouvir música. Também gosto muito da natureza e da vida selvagem. Se eu fosse um 'artista de verdade', gostaria de fazer fotos macro de insetos.
Curiosamente, minhas referências de artistas, como Alex Grey Johfra Bosschart, etc... não se parecem em nada com as coisas que faço, mas o simbolismo é uma das facetas da arte que mais me interesso.

NFoTo - Quanto tempo leva para fazer as obras? e você vende essas obras? pensou em NFTs para isso?
Willian Donizete - Quanto à duração do processo, varia dependendo da complexidade e detalhes de cada imagem. Algumas podem ser concluídas em poucas horas, enquanto outras demoram muito mais para serem aperfeiçoadas até o resultado final.
Recebi propostas para vendê-las como NFTs, mas ainda não vendi nenhuma das obras que tenho expostas em séries, nem as transformei em NFTs. Ainda estou estudando essa ideia.
O que sim recebi foram encomendas baseadas nas séries, como a série dos animais lutadores de jiu-jitsu. Recebi diversas encomendas de times e lutadores que gostariam de ver seus logotipos retratados de forma realista.
NFoTo - Algum outro comentário?
Willian Donizete - Quero apenas expressar minha gratidão pelo interesse e pela oportunidade de compartilhar um pouco mais sobre minhas criações. Espero ter respondido de forma clara e satisfatória às perguntas. Foi um prazer compartilhar com você.
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