O drama silencioso de Todd Hido: fotografias que transformam a paisagem suburbana em cinema
- Leo Saldanha
- 18 de jul.
- 3 min de leitura
A nova edição de Intimate Distance revela como o fotógrafo americano construiu uma obra densa, melancólica e cinematográfica, feita de lembranças, luzes suaves e narrativas inacabadas

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Há artistas que falam alto. E há os que sussurram com intensidade. Todd Hido pertence ao segundo grupo. Suas imagens de casas isoladas, paisagens desertas, mulheres solitárias e janelas acesas no escuro criam uma atmosfera entre o sonho e o desconforto. Seu trabalho não grita. Ele assombra.

Todd é um dos meus fotógrafos preferidos (junto com Gregory Crewdson). Acho que é uma preferência minha pelo estranho e sombrio. É uma estética que me atrai.


A nova edição de Intimate Distance: Over Thirty Years of Photographs é uma oportunidade rara de acompanhar a trajetória desse olhar singular. Publicado pela Aperture em 2025, o livro organiza em sequência cronológica mais de três décadas de produção fotográfica, incluindo obras icônicas e imagens inéditas feitas em suas viagens por Islândia, Noruega e Japão.


Mais do que um catálogo, Intimate Distance funciona como uma jornada sensorial. Hido fotografa como documentarista, mas imprime como pintor. Suas imagens carregam o peso do tempo, da memória e da dúvida. O resultado é um trabalho que se move entre a observação e a ficção, entre o registro e a projeção. Em vez de histórias prontas, ele oferece cenas que pedem envolvimento... como se cada foto fosse o início de um filme que nunca começa.

Nascido em Kent, Ohio, em 1968, Todd Hido descobriu a fotografia enquanto registrava amigos em manobras de skate e BMX. Esse impulso inicial — o desejo de capturar momentos fugazes, evoluiu para algo mais profundo: uma busca por cenas que ecoam fragmentos de vida, sentimentos não ditos, atmosferas entre o real e o inventado.

A influência do cinema é explícita. David Lynch, Gregory Crewdson e Robert Altman estão presentes nas sombras, nas luzes artificiais, nas composições. Mas há também ecos da literatura e da música. O silêncio das imagens de Hido fala com o que há de mais íntimo no espectador, uma saudade sem nome, uma lembrança que não sabemos se é nossa.

O livro Intimate Distance nos convida a percorrer essas imagens como quem atravessa quartos escuros, ruas vazias e motéis com luzes frias. Cada fotografia é uma câmara de luz, como define o ensaio de David Campany incluído na obra. O fotógrafo se move entre essas câmaras (do quarto à janela do carro, da casa suburbana à paisagem congelada) como quem tenta entender o mundo com o próprio olhar. E nos convida a fazer o mesmo.
Entre os retratos femininos carregados de melancolia e as fachadas que brilham à noite, o trabalho de Hido se equilibra entre o passado e a possibilidade, o familiar e o estranho. Não há um roteiro. Há uma proposta de presença: estar ali, diante da imagem, preenchendo seus silêncios com nossas próprias emoções.

Como escreveu Katya Tylevich, os caminhos que Hido traça vão até onde terminam os fios de eletricidade e os vestígios humanos. Da superfície ao subconsciente, suas imagens exploram distâncias que não são apenas geográficas, mas também afetivas e psicológicas.


No fim, o que Intimate Distance nos oferece é menos um álbum do passado e mais um mapa de sensações. Um convite a permanecer nesse intervalo onde tudo pode acontecer... mesmo que nada aconteça de fato.
Para quem vive da imagem, é um lembrete valioso: às vezes, a maior potência está no que não se mostra completamente. E a fotografia, em mãos como as de Todd Hido, é a arte de sugerir com beleza e inquietude.
Leia mais sobre o livro no site da Aperture.
Por: Leo Saldanha - Criador da comunidade Fotograf.IA + C.E.Foto! O futuro da fotografia não vai esperar você!
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