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Fotografia, poder e transformação cultural

Mulheres, memória e propósito moldam um novo olhar sobre a imagem e seu papel na sociedade



A fotógrafa Gabriela Biló, em entrevista à UOL Universa, sintetiza algo que atravessa a fotografia contemporânea: o desejo de mostrar poder onde ele ainda não é percebido. Sua trajetória, que mistura política, sensibilidade e coragem, revela a força de quem entende a câmera como instrumento de presença. Biló fala de olhares, de narrativas e de escolhas, e de como a fotografia pode ser um gesto político sem precisar ser panfletário.


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Essa reflexão se conecta à nova mostra no IMS Paulista, destacada por Renato Rocha Miranda no Substack, sobre Gordon Parks. É a maior retrospectiva do fotógrafo na América Latina, reunindo 200 imagens que documentam a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e sua passagem pelo Brasil em 1961. Parks provou que a fotografia pode ser arte e denúncia ao mesmo tempo, um ato de empatia e resistência. Seu olhar sobre a dignidade negra e a desigualdade social continua atual e necessário, especialmente num país ainda em busca de autoconhecimento visual.


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O poder transformador da imagem também se manifesta em projetos contemporâneos como o Girls Who Click, iniciativa que capacita jovens mulheres na fotografia de natureza. Mais do que ensinar técnica, o programa ensina autonomia. É um movimento silencioso, mas potente, que devolve às mulheres a chance de olhar (e narrar) o mundo por conta própria.




A força feminina está igualmente presente no tributo das fotógrafas que celebraram os 90 anos de Jane Goodall, um gesto simbólico de reconhecimento à cientista que transformou nossa percepção sobre empatia e coexistência. A fotografia, nesse caso, é também continuidade. Cada retrato de Goodall é um espelho das próprias mulheres que a homenageiam: observadoras, persistentes, movidas pela curiosidade e pelo cuidado.



Enquanto isso, a Vida Simples relembra o papel restaurador da arte em “Artes visuais são terapias que compensam fraquezas humanas”. O texto propõe uma pausa necessária: criar imagens pode ser um modo de cura. A fotografia, nesse sentido, não serve apenas ao mercado, mas ao equilíbrio interno de quem cria. É um antídoto contra o excesso de estímulos e a superficialidade da vida digital.


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Em outro extremo, a chegada da exposição “Amazônia” de Sebastião Salgado a Belém reafirma a dimensão épica e humana da fotografia documental. O trabalho de Salgado continua sendo um lembrete de que há Brasil além das telas e algoritmos. Suas imagens em preto e branco resistem ao tempo, convidando o público a ver, com calma, o que ainda permanece vivo e ameaçado.


A tecnologia, porém, segue redesenhando as fronteiras entre verdade e criação. O Guardian revelou como historiadores têm usado IA para identificar nazistas em uma imagem do Holocausto. É uma aplicação ética e emocionalmente delicada, que mostra o potencial da inteligência artificial quando usada para reconstruir memórias e devolver nomes aos anônimos da história.



Já em Hollywood, o debate se torna explosivo. Uma atriz criada por IA acendeu protestos e medo entre atores e sindicatos, reacendendo discussões sobre autoria, direitos e autenticidade. Se a IA é capaz de gerar uma presença convincente na tela, o que ainda pertence ao humano?


Essas narrativas, tão distintas, acabam convergindo num mesmo eixo: a fotografia e a imagem seguem sendo espelhos das transformações sociais e tecnológicas, mas também bússolas. Entre o poder do olhar e o risco do esquecimento digital, elas continuam lembrando o essencial que, por trás de cada retrato, há sempre alguém tentando ser visto.



 
 
 

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