Uma reflexão sobre o mercado para o Dia do Consumidor
Quem precisa de um fotógrafo? Pensando de forma fria, trata-se de uma pergunta inquietante. Quem precisa de uma foto impressa? Quem precisa de uma câmera? Se você se ofendeu ou também se inquietou repense um pouco. O quanto o negócio da fotografia mudou nos últimos anos e o quanto ainda vai se transformar daqui pela frente.
O que é consumir fotografia em 2023? É ser romântico de alguma maneira e ter um apego emocional. O que nos leva a querer uma foto ou precisar de um fotógrafo tem relação direta com situações específicas. Eventos importantes por exemplo como formaturas, casamentos, nascimentos. E tudo mais que a gente sabe bem!
Pela ótica do consumidor a fotografia é outra coisa. Não é o principal quase sempre. É um recurso, um meio. "Me mandem suas fotos da festa" é uma expressão de amigos ou parentes que são cada vez mais frequentes. A fotografia super disponível está na palma da mão. Logo, quanto ela vale de fato em um mundo com tanta oferta de fotos?
Não vamos generalizar, claro. Tem gente que valoriza ter um fotógrafo por perto. Que quer ver foto no papel. Quantos sabem de fato que não é o equipamento que faz a foto já é outra história.
O digital é o culpado e coloque aí junto a internet. Todo mundo conectado e com câmera no bolso cria um efeito de achar que tudo é muito fácil. Qualquer pergunta pode ser respondida na hora com questão de alguns toques de dedo.
Consumir fotografia no caso aqui é pensar naquilo que é pago. Do serviço fotográfico e dos itens envolvidos (como álbuns e outros).
Consumir fotografia é muito vasto. Vale para foto na parede, vale para fotos de retratos profissionais e vale para fotos industriais. Mas existe algo em comum em quase todos os segmentos do mercado. A necessidade de uma bela imagem. A "beleza" é subjetiva e veja...é uma decisão do cliente. No dia do consumidor, pensar o que o cliente quer e deseja com a fotografia pode ser decepcionante...porque talvez a resposta não seja o que estamos esperando.
Os fotógrafos e negócios de fotografia que estão bem sabe disso. Para os colegas eles podem até mostrar uma postura distinta. Na prática, para seus clientes, eles atuam de olho naquilo que o cliente quer.
Criar para o consumidor virou uma questão de sobrevivência. Sobretudo em tempos de hiper competição e em tempos de fotografia presente em todos os cantos (de novo, não do jeito que a gente gostaria).
E olha que nem cheguei na parte mais assustadora. Os consumidores do futuro. Volte dez anos no tempo. Ou quinze. Compare os estilos de consumo hoje com o que existia em 2013...a diferença é gritante. Nem tinha 4G direito naquele tempo e agora já estamos falando em 6G. Nem existia inteligência artificial e nem ativos digitais únicos. Não existiam smartphones com IA e com zoom de mais de 100 vezes. Ou drones inteligentes que cabem no bolso.
Por outro lado, vemos jovens consumidores sedentos por experiências. Muitos deles cansados do digital e que buscam por coisas tangíveis. Ou quem sabe híbridas. São consumidores em busca de negócios e empreendedores de verdade. Que vendam vivências e ofereçam produtos com causa e cuidados especiais (impactos no meio ambiente por exemplo).
Consumir fotografia em 2023 é sobre personalização ou automatização? É sobre analógico ou digital? sobre virtual ou presencial? Ou seria uma mistura complexa de todas as coisas anteriores.
Nunca antes um consumidor teve tantas opções para consumir qualquer coisa. Na parte da fotografia não é diferente. Quando temos opções em excesso, costumamos ficar perdidos. E sem falar que concorremos contra tudo e todos.
Só nos resta um apelo emocional, autêntico e de experiência. Algo que vale para produto impresso, digital e vale para fotógrafos e fotógrafas. E tudo é muito mais complexo do que tudo que eu mencionei acima. Minha sugestão: seja muito curioso quanto ao comportamento de consumo do seu mercado, dos clientes e para onde tudo está caminhando.
E temos que fazer isso enquanto lutamos contra a irrelevância, contra os caçadores de preços, lutando contra a concorrência feroz, contra mudanças intensas de tecnologia e contra a eterna crise econômica da última semana.
Só não se engane. A fotografia para as pessoas não é o mais importante. Para elas é sobre a história delas e o benefício que aquilo de alguma forma será entregue. Vale para retrato, evento ou um porta-retrato. No fim, a fotografia é algo que vivenciamos de forma individual. Uma experiência subjetiva. Cada pessoa reage de forma diferente a tudo o que envolve esse mercado. E é justamente isso que torna tudo tão desafiador. Daí a importância em se refletir como consumimos a fotografia em 2023. A propósito, você consome a fotografia como?
Dez frases de consumidores sobre fotografia nas redes sociais em 2023:
"Tô triste demais porque tem sido difícil achar fotógrafo que tirem fotos da forma que eu gosto… e quando eu acho, os ensaios estão em um preço alto demais pra eu conseguir fazer a quantidade de ensaios que eu queria…"
"Por esse preço o fotografo tem que ao menos me deixar bonito"
"Tenho um único álbum de fotografia quando eu tinha 2 anos. Lá na década de 80. Minha mãe não tinha condições financeiras de pagar fotógrafo. Essa sou eu quando criança. Segundo a minha mãe, eu era uma criança muito educada e tranquila."
"como vcs lidam com as fotos se acumulando no rolo de câmera a cada ano que passa? eu me sinto tão desorganizada poxa vida só queria um álbum de fotografia real kkkkkk"
"O Facebook é um álbum de fotografia."
"odeio esse negócio de tudo ser digital hoje em dia. eu sou uma senhora! gosto de coisas físicas! ingresso de papel! caderno! fotoimpressa!"
"todo mundo postando aquele negócio do Instagram de vc criança, EU NAO TENHO foto criança eu devo ter visto no máximo umas 3 e era impressa"
"eu amo a Era digital, minha filha tem quatro anos e NENHUMA FOTO IMPRESSA"
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