IA que simula fotos de férias, Irlanda com renda básica para artistas e outras notícias que podem te interessar
- Leo Saldanha

- 22 de out.
- 3 min de leitura
De exposições históricas à ascensão da IA que inventa férias, o mundo da fotografia vive entre celebração, inquietação e transformação.

Em meio a um turbilhão de novidades e contrastes, a fotografia segue espelhando as contradições do nosso tempo. A Irlanda, por exemplo, voltou a inspirar o mundo da arte ao renovar seu programa de renda básica para artistas, reforçando a importância de sustentar a criação como força cultural e não apenas mercadológica. No Brasil, a cidade de São Paulo celebra a potência dos olhares originários com a primeira exposição individual de Edgar Kanaykô Xakriabá, um marco para a fotografia indígena contemporânea. E, no mesmo compasso da memória e da resistência, Klaus Mitteldorf comemora 50 anos de carreira com uma mostra que revisita meio século de inquietude visual e liberdade criativa.

Do outro lado do espectro, a tecnologia segue acelerando a disputa por autenticidade. A marca chinesa Realme lançou o GT 8 Pro com o selo Ricoh GR, tentando fundir o prestígio de uma câmera clássica ao marketing agressivo dos smartphones. É um movimento que reflete uma tendência maior: a tentativa das empresas de tecnologia de herdar o simbolismo fotográfico para legitimar suas máquinas de ver. Enquanto isso, a TTArtisans apresentou uma nova lente prateada de 75mm f/2, evocando o design clássico para uma geração que redescobre o prazer do manual. E a Lomography surpreendeu ao anunciar uma nova câmera 35mm totalmente manual, um gesto de resistência analógica em plena era dos algoritmos.
No campo do documentário, a mídia especializada internacional destacou o lançamento de um filme inconvencional sobre um fotógrafo tcheco que ganha distribuição nos Estados Unidos, mostrando que histórias reais e densas ainda encontram espaço em um mercado saturado por superficialidade. E, enquanto isso, um novo app chamado Endless Summer promete criar férias perfeitas com IA, inventando viagens e lembranças inexistentes. Sinal dos tempos em uma distopia visual que questiona o que ainda podemos chamar de memória.

Entre o absurdo e a celebração, o olhar humano resiste. A Fotto anunciou parceria com Victor Monteiro, jovem fotógrafo que se tornou referência na fotografia esportiva brasileira. Seu trabalho traduz o vigor de uma geração que ainda acredita na potência da captura real: suor, velocidade e instinto. E, na contramão da artificialidade, as Dog Photography Awards 2025 celebram a beleza autêntica dos laços entre humanos e animais, provando que a emoção ainda vence a simulação.

Enquanto isso, a disputa pela atenção também se move para o cotidiano digital. O Facebook testa uma nova função de IA que revisita o rolo de câmera dos usuários para gerar conteúdos automáticos: o que levanta a questão sobre consentimento e autoria. E, no outro extremo, um app gratuito de câmera descartável virou febre entre jovens por ser “imprevisível e imperfeito”. Ironia dos tempos: quanto mais previsível a tecnologia, mais desejável se torna o erro humano.
Enquanto isso, o fotógrafo Paris Gore documenta atletas que desafiam a gravidade em imagens que parecem ficção. A beleza desses instantes prova que, mesmo cercada por filtros e simulações, a fotografia real ainda tem o poder de nos fazer suspender o fôlego.
Vivemos, afinal, um momento híbrido: onde arte e tecnologia, real e artifício, convivem em tensão. De um lado, a necessidade de lembrar; do outro, a tentação de inventar. E talvez seja justamente nesse atrito que a fotografia reencontra o seu papel essencial: revelar, questionar e emocionar, mesmo quando tudo parece programado para simular.

Nos conteúdos recentes da Comunidade Fotograf.IA + C.E.Foto, essa reflexão tem ganhado novas camadas. Em O retrato da contradição com o avanço da IA na fotografia, discutimos como o real se tornou performance. Já em A nova fase da Fotograf.IA + C.E.Foto, exploramos o movimento interno da comunidade rumo a um espaço com menos ruído e mais propósito. E em O futuro da fotografia, refletimos sobre como a colaboração e a inteligência coletiva podem moldar um novo ciclo para quem vive da imagem.
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