Vogue, Guess e a Nova Beleza Artificial: Quando a Moda Decide Apagar o Real
- Leo Saldanha

- 29 de jul.
- 3 min de leitura
Anúncio com modelo criada por inteligência artificial em revista de prestígio reacende debate sobre padrões estéticos, representatividade e impacto psicológico

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Há quem diga que o futuro da moda já chegou. Mas, para muitos, ele veio com um gosto amargo de retrocesso. A edição de agosto da revista Vogue do Reino Unido trouxe um anúncio da marca Guess com uma modelo de aparência impecável: loira, jovem, de pele perfeita. Só há um detalhe que muda tudo, ela não existe. Criada inteiramente por inteligência artificial, a personagem digital assinada pela empresa Seraphinne Vallora é a primeira “modelo sintética” a ocupar duas páginas da prestigiada publicação impressa.
O anúncio, discretamente rotulado como "produzido por IA", causou reação imediata. Para profissionais do setor e especialistas em saúde mental, a mensagem implícita é alarmante: mesmo os padrões já inalcançáveis da publicidade com modelos reais agora podem ser substituídos por versões ainda mais idealizadas... e inexistentes.

Felicity Hayward, modelo plus size e voz ativa por mais inclusão na moda, classificou a ação como “preguiçosa e barata”, alertando para o risco de anular anos de avanço na diversidade de corpos, origens e expressões. “Essas pessoas simplesmente deixaram de ser contratadas”, disse à BBC. E a substituição por IA, segundo ela, pode ser “mais um golpe doloroso, especialmente para modelos fora do padrão.”

A Seraphinne Vallora, responsável pela criação da modelo digital, afirma que a decisão de usar esse perfil visual não foi casual. Segundo as fundadoras Valentina Gonzalez e Andreea Petrescu, tentativas anteriores de criar avatares com maior diversidade de tons de pele e corpos geraram pouco engajamento nas redes sociais. “No fim do dia, somos um negócio. Postamos imagens que geram conversa e trazem clientes”, disseram.
A questão, no entanto, vai além da estética. Como destacou Vanessa Longley, CEO da organização Beat, que atua no combate a distúrbios alimentares, a exposição a imagens irreais pode ter efeitos severos na autoestima, especialmente de jovens. “É preocupante. A fronteira entre o que é aspiração e o que é distorção está cada vez mais borrada.”


A crítica também recai sobre a própria Vogue, que, embora tenha se isentado da escolha criativa por se tratar de conteúdo publicitário, recebeu questionamentos sobre o impacto simbólico de legitimar, mesmo que indiretamente, esse tipo de representação em suas páginas.



Enquanto isso, o mercado segue dividido. De um lado, promessas de redução de custos e controle criativo. Do outro, o risco crescente de apagamento de profissionais (modelos, fotógrafos, maquiadores, produtores) em nome de uma perfeição fabricada.
O futuro da moda talvez não seja feito apenas de pixels. Mas, ao que tudo indica, será cada vez mais moldado por algoritmos e menos pelas pessoas reais que há tanto tempo lutam por um lugar legítimo nesse espaço.
E o Brasil?
Por ora, a polêmica envolve um anúncio nos Estados Unidos e Europa, mas o impacto dessa tendência deve chegar ao mercado global em pouco tempo. Como consumidores, criadores e marcas brasileiras irão reagir quando a IA começar a definir o padrão de beleza em escala?
Por: Leo Saldanha - Criador da comunidade Fotograf.IA + C.E.Foto! O futuro da fotografia não vai esperar você!
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