Robôs-Cães Defecam Arte na Art Basel 2025: Beeple, NFTs e o retorno inesperado da propriedade digital
- Leo Saldanha

- 5 de dez.
- 3 min de leitura
A obra mais comentada de Miami mistura IA, fotografia, impressão e blockchain. E sinaliza um novo ciclo para arte e autenticidade em 2025.

Miami Beach, dezembro de 2025. Visitantes da Art Basel se deparam com uma cena que rapidamente se torna viral: seis robôs quadrúpedes patrulham o pavilhão, cada um com uma cabeça de silicone hiper-realista representando figuras como Elon Musk, Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Pablo Picasso, Andy Warhol e o próprio Beeple.
Os robôs fotografam o público com câmeras embutidas, processam essas imagens com IA e, segundos depois, “defecam” pequenos prints físicos. Alguns desses prints vêm com códigos que permitem reivindicar NFTs registrados na blockchain. Cada robô foi vendido por US$ 100 mil antes da abertura.
A instalação, intitulada “Regular Animals”, é assinada por Beeple, o artista que em 2021 vendeu “Everydays: The First 5,000 Days” por US$ 69,3 milhões. O “cara dos JPEGs milionários”. Desde então, ele se tornou referência permanente em discussões sobre arte digital, autenticidade e a convergência entre IA e blockchain.
O recado por trás da provocação
Em entrevista, Beeple afirma que a obra critica o controle algorítmico exercido por grandes empresas de tecnologia.Cada robô processa as fotos segundo a “personalidade” da figura na cabeça: Musk gera esquemas técnicos, Zuckerberg recria estética do metaverso, Picasso devolve composições cubistas.

As máquinas “digerem” o mundo e devolvem versões filtradas.
É uma metáfora direta sobre como algoritmos moldam nossa percepção.
E por trás do humor escatológico, há um tema estrutural: a relação entre IA, fotografia, autenticação e confiança pública.
NFTs morreram? Os novos dados dizem outra coisa

Após o colapso de 2022–2024, muitos decretaram o fim dos NFTs. Coleções perderam até 98% do valor.Mas dezembro de 2025 aponta para outra direção.
CryptoPunks voltou a registrar volume acima de US$ 1,35 milhão em 24 horas.
Meebits cresceu 601% no mesmo período.
Pudgy Penguins, antes desacreditado, encosta em Bored Ape Yacht Club pela primeira vez na história.
Na fotografia, projetos nichados seguem ocorrendo, inclusive a coleção de Sebastião Salgado em NFTs continua uma referência no segmento.


O mercado especulativo acabou.
Mas proveniência digital, autenticação verificável e IP que atravessa o mundo físico seguem crescendo.
A ponte com a fotografia profissional

Pode parecer um debate distante de quem vive da fotografia, mas a obra de Beeple toca no ponto central da próxima década:
Como provar que uma imagem é de fato sua em uma era em que IA produz fotografias perfeitas?
A discussão deixa de ser sobre “JPEGs milionários” e passa a ser sobre:
• autoria
• autenticidade
• confiança
• cadeias verificáveis
• certificação de captura
E isso terá impacto direto no fine art, no jornalismo, nos acervos, nos workflows híbridos e nos modelos de licenciamento.
Para ficar de olho
Beeple não está apenas provocando o público da Art Basel.
Está apontando, do jeito dele, para o próximo ciclo:
um mundo onde a fotografia, a IA e a propriedade digital precisam conversar.
A fase do hype acabou.
Agora começa a fase da infraestrutura.
Na comunidade, preparei a análise completa com dados atualizados, os três caminhos viáveis que estão funcionando hoje e por que IA + blockchain podem ser mais relevantes para fotógrafos em 2026 do que foram em 2021. Aliás, em breve, o novo episódio sobre o momento e o futuro da IA também vou abordar como a fotografia impressa e autenticada pode ganhar ainda mais valor em 2026 e adiante.



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