Rembrandt, um cachorro e a arte de se inspirar
- Leo Saldanha

- 24 de set.
- 3 min de leitura
A descoberta recente em A Ronda Noturna mostra que até os grandes mestres transformavam referências em criação.

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A revelação inesperada de um detalhe
Durante a recente restauração da célebre A Ronda Noturna, de Rembrandt (obra-prima que ocupa lugar de destaque no Rijksmuseum, em Amsterdã) pesquisadores encontraram um detalhe que muda nossa leitura da pintura. O cachorro retratado no canto inferior, antes visto como fruto da imaginação do artista, foi inspirado em uma gravura de 1619 de Adriaen van de Venne.
Curiosamente, o título A Ronda Noturna não foi dado pelo próprio pintor. Ele surgiu apenas no século XVIII, quando o escurecimento do verniz fez a cena parecer noturna. Hoje se sabe que o episódio retratado ocorre em plena luz do dia, mas o nome se consolidou e atravessou séculos, permanecendo como a forma consagrada em português.7


A prática da emulação
Longe de ser um escândalo artístico, o achado evidencia uma prática comum no século XVII: a emulação. Em vez de criar cada figura do zero, artistas recorriam a desenhos e gravuras já circulados para compor novas cenas. O que importava não era a origem, mas o que se fazia com ela. Rembrandt, ao adaptar o cachorro, não apenas tomou emprestada uma imagem: transformou-a em parte essencial de sua narrativa.

O cachorro que ganhou vida
Rembrandt não apenas copiou a figura. Ele ajustou a postura, fez o animal encarar um tambor e o inseriu em um contexto de tensão, como contraponto ao rigor dos soldados retratados. O detalhe emprestado ganhou movimento e emoção, transformando-se em parte vital da narrativa visual da obra.
Essa escolha revela que o mestre holandês sabia como poucos: a originalidade não está em inventar do nada, mas em transformar referências em algo novo e significativo.
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O paralelo com a fotografia contemporânea
No mundo da fotografia, o debate sobre “cópia” é constante (até porque a fotografia envolve reprodução como parte do processo). Ensaios que lembram outros, poses repetidas, estilos clonados. E logo surgem acusações de falta de originalidade.
Mas a história mostra que inspiração faz parte do processo criativo. Assim como Rembrandt, fotógrafos também trabalham em diálogo com o que já existe. A questão não é se usamos referências, mas como as transformamos de uma forma pessoal, com a nossa leitura.
Repetição vazia: quando se imita sem refletir, apenas replicando fórmulas (aqui está a maioria).
Emulação criativa: quando a referência se torna ponto de partida para algo singular. (partir de uma inspiração verdadeira para recriar com nossa cara, um desafio estimulante).
“Inspirar-se é inevitável. O que diferencia o gesto criativo é a capacidade de transformar a referência em releitura, não repetir o que já existe, mas revelar nele algo que só poderia nascer do seu olhar.” - Leo Saldanha
Lições práticas para fotógrafos
Assuma referências sem medo — estudar e observar outros trabalhos é parte essencial da formação. Aliás, dá até para citar e dizer: inspirado por fulano(a), veja minha versão
Transforme, não copie — adapte ao seu olhar, ao seu cliente, ao seu tempo. É aqui que entra sua bagagem cultural e visão de mundo.
Dê intenção ao detalhe — cada elemento precisa ter propósito, não só preencher espaço. Fazer por fazer é fácil, mas pensar nos motivos é outra história
Alimente o repertório — quanto mais você amplia seu universo visual e cultural, mais terá material para reinventar. Daí a importância do estudo aprofundado em múltiplas frentes.
O cachorro de A Ronda Noturna late até hoje, não como denúncia de plágio, mas como lembrete de que todo artista cria em diálogo com o que já foi feito.
Na pintura ou na fotografia, a questão não é se usamos referências, mas como damos a elas um novo sentido. É nesse gesto (o de transformar o conhecido em inesperado) que mora a verdadeira originalidade.
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