Uma pergunta difícil e necessária em tempos de tanta confusão
Pode parecer complicado e presunçoso pensar neste assunto neste momento do mercado. Super competição entre fotógrafos, crise aguda e desvalorização da fotografia. Isso só para citar alguns dos desafios. Logo, falar em legado para um cenário desses pode parecer poético não? Será mesmo? Peço aqui um minuto de imaginação da sua parte: um cliente que te contratou terá contato com o que mesmo depois que você terminar o serviço? Se a resposta for “fotos digitais em alguma tela” começamos mal. Sim, o legado aqui é sobre impressão de fotografias. Na linguagem figurada, o legado quer dizer: aquilo que se passa de uma geração a outra, que se transmite à posteridade. Isso quer dizer o que vai ficar, o que o seu trabalho vai deixar de valor. Outra definição traz a palavra “herança”. Algo que é passado de geração para geração. No sentido mais valioso e que podemos trazer para a fotografia é sobre as histórias e memórias. Questão de pertencimento. Será que daqui muitos anos esse legado estará perdido na nuvem?
Fotos: Unsplash
O curioso caso de uma fotógrafa digital. Outro dia fiquei sabendo de uma fotógrafa que tem muitos seguidores. O que chegou para mim que ela não acredita no valor da impressão. “por que os clientes nem querem”. Isso me fez pensar na questão do legado mais ainda.
1 – Primeiro, o cliente nem sabe direito o que quer e é o especialista que deveria mostrar, conduzir e educar para entender o valor da impressão.
2 – Segundo, a fotógrafa tem muitos seguidores por justamente ter que correr atrás de novas pessoas para vender mais sessões digitais e ficar em um trabalho de muita pressão atrás de “novos clientes” que só querem fotos digitais.
3 – Daqui 10 anos esses mesmos clientes vão olhar para essas fotos criadas por ela e pensar o quê? Talvez eles imprimam por conta própria, talvez nem consigam acessar e certamente a relação com a imagem será muito mais descartável por ser só online.
4 – A responsabilidade do profissional é indicar e valorizar este legado. Da qualidade do material. Das questões emocionais e das lembranças de cada família.
5 – Pesquisas já comprovaram que a relação das pessoas com suas fotos impressas vai muito além. São ligações fortes emocionais e isso para o fotógrafo é super importante.
Até entendo a visão da fotógrafa e sei que ela precisa vender mais. Mas o valor dela é menor e a questão é o volume. Até porque quem vende só digital dificilmente consegue cobrar melhor pelo o que entrega. E no fim, o legado dessa pessoa se perdeu. O grande problema da estratégia do volume + fotos só entregues digitalmente é que é como um triturador de fotógrafos. Sempre pedindo mais e pelo menor valor possível. A marca se dilui e a tendência é o desgaste físico e emocional. Se fosse um caso isolado…
O legado em sua outra definição envolve a palavra patrimônio. É algo de valor e que vai ficar e quem fez foi você. Logo, deve-se tomar muito cuidado e atenção com isso. O produto impresso com fotos ganha uma dimensão poderosa quando conectado com esse critério de patrimônio, herança de lembranças. Valioso sobretudo porque é sobre o que é mais importante para as pessoas. Suas histórias. Inclusive é oportuno que outra explicação para a palavra legado seja histórica. Na Roma antiga o legado representa liderança, comando de uma legião. Algo que faz todo o sentido, pois de certa forma são justamente os fotógrafos com legado que lideram como referência para clientes e para a sustentação do mais alto nível no mercado em que atuam. Ainda bem.
Produto é legado e isso puxa tudo no marketing da fotografia. Isso é um dos temas mais importantes da atividade Foto+Produto 100% presencial que vai ocorrer nos dias 29 e 30 de novembro em São Paulo. Saiba mais clicando aqui: Foto+Produto PRESENCIAL!
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