O que estou vendo: um videoclipe feito com 2.100 cianotipias
- Leo Saldanha
- 8 de set.
- 2 min de leitura
Deftones e Edd Carr transformam o analógico em poesia visual
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Criar algo que realmente se destaque em meio à avalanche de videoclipes não é simples. Mas foi exatamente isso que o artista e pesquisador britânico Edd Carr fez para o clipe Cut Hands, da banda Deftones. O diferencial? Cada frame foi impresso à mão, em cianotipia — um processo fotográfico alternativo que resulta em imagens azuladas e carregadas de textura.
O projeto demandou mais de 2.100 impressões, realizadas uma a uma. Carr produzia cerca de cem cianotipias por dia, em jornadas intensas que misturavam técnica e resistência física. Depois, cada imagem era digitalizada e reinserida na linha do tempo do vídeo, criando uma sequência que parece dançar entre o analógico e o digital.
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Mais do que estética, o trabalho reflete uma busca por conexão. Carr explica que o uso de processos alternativos, como a cianotipia, o aproxima da natureza e da materialidade da fotografia, em contraste com o fluxo frio e imediato do digital. É também um gesto de resistência criativa: aceitar o imprevisível, as marcas do papel, as falhas e os acidentes como parte da obra.
O resultado é um clipe que soa tanto com a força crua do rock dos anos 1990 quanto com a delicadeza quase artesanal de uma técnica fotográfica do século XIX. Um encontro raro entre passado e presente, feito para ser sentido na pele e nos olhos.
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