A resposta sensata é talvez. Contudo, minha intuição me diz que sim e isso será ótimo para a fotografia
Neste conteúdo vou citar matérias e indícios de que isso está ocorrendo não só na fotografia. E para o nosso mercado é uma questão de sobrevivência.
Faz poucos dias que o Banco Central Brasileiro anunciou o Real Digital. Não vou entrar nos detalhes completos aqui. Mas basicamente
Leia sobre isso aqui: Desenho do real digital limita riscos de desintermediação, avalia Moody's - InfoMoney
A tokenização de tudo é uma tendência. Grandes marcas estão investindo pesado nisso por uma razão. A internet na sua nova fase vai precisar de autenticação, valor e essa tecnologia blockchain garante justamente isso.
Por que isso é importante para a fotografia? Simples. Vamos fazer um exercício de imaginação. Imagine um mundo em que a internet garante o controle dos dados, em que suas imagens estão protegidas e autenticadas mesmo depois de vendidas. Um mundo online em que as pessoas não poderão copiar suas fotos mesmo que elas estejam na internet. Um mundo em que todas as áreas da fotografia poderão se beneficiar de novas formas de consumidores comprarem, colaborarem e interagirem com as fotografias. Lá no fim desse post tem algumas matérias tratando dessas possibilidades que já começaram. Não é para menos que nomes como Sebastião Salgado já apostaram na tecnologia.
A S&P Global abordou o assunto em profundidade:
"Rumo a um futuro de tokenização
A digitalização vai melhorar a eficiência e abrir novos mercados, mas a revolução não acontecerá da noite para o dia.
A tokenização – a conversão de ativos e direitos em um token digital em um blockchain – provavelmente derrubará até 2030 os métodos de transação de muitas classes de ativos bem estabelecidas, tangíveis ou intangíveis. Reforçará igualmente a acessibilidade das classes de ativos estabelecidas e permitirá a criação de novas classes para um leque mais alargado de investidores em mercados fronteiriços mal servidos. Isso estimulará o crescimento em alguns cantos e deslocará os intermediários existentes em outros. Os investimentos em tecnologia e habilidades, bem como as mudanças na lei e nos regulamentos que essas mudanças exigirão, representam obstáculos necessários na transição. E, embora a automação elimine certos intermediários, novos tipos de provedores de serviços devem surgir para ajudar a gerenciar a evolução dos riscos associados.
A principal atração da tokenização
Tokenização é o processo de emissão de um token digital que representa um ativo negociável. O token digital pode então ser possuído, usado e transferido através de um blockchain, reduzindo a necessidade de intermediários de terceiros. Tokens de perfil mais alto são muitas vezes "nativos", como bitcoin e ether. Mas, cada vez mais, a tokenização está atingindo uma ampla gama de "ativos do mundo real", geralmente em estágios muito iniciais de esquemas piloto. Em princípio, qualquer coisa que apresente direitos de propriedade e valor econômico pode ser tokenizada. Isso inclui ativos tangíveis, como bens ou obras de arte físicas; ativos intangíveis, como propriedade intelectual, arte digital ou acesso à Internet sem fios; private equity (por exemplo, ações de fundos) ou investimentos alternativos (por exemplo, créditos de carbono); e dívida e patrimônio, sejam eles listados ou privados (ver gráfico).
Em princípio, qualquer coisa que apresente direitos de propriedade e valor econômico pode ser tokenizada.
Os principais benefícios esperados incluem o seguinte.
Acessibilidade/liquidez. A tokenização permite a fracionamento, pela qual os investidores podem comprar tokens que representam partes muito pequenas dos ativos subjacentes. Isso poderia democratizar o investimento direto em ativos mais caros, como imóveis comerciais. Também poderia aumentar o acesso a segmentos carentes, por exemplo, em mercados emergentes, apoiando assim o crescimento econômico. Esse aumento da liquidez, especialmente se surgirem padrões bem estabelecidos, tem sido comparado aos benefícios que a securitização trouxe à medida que ganhava escala.
Eficiência. A tecnologia e os contratos inteligentes podem permitir transferências de ativos mais rápidas e de baixo custo, automatizando certas partes do processo – em particular, as etapas pós-negociação, como compensação e liquidação – reduzindo assim a necessidade de intermediários. Grandes pools de negociação, como os mercados globais de renda fixa e ações de US$ 200 trilhões¹, são os principais candidatos.
Transparência. A natureza imutável da tecnologia subjacente impede a adulteração. Ele permite que potenciais novos adquirentes saibam com quem estão lidando, quais direitos e obrigações estão ligados ao token e quem são os proprietários anteriores. Essa rastreabilidade é muito atraente, por exemplo, para a gestão da cadeia de suprimentos.
Privacidade. Os dados pessoais são totalmente de propriedade e controlados através de identidade descentralizada por cada indivíduo ou entidade. Podem fornecer apenas as informações necessárias para serem verificadas, com casos de utilização, por exemplo, nos setores dos cuidados de saúde ou dos seguros."
Leia mais aqui >>> Toward a Tokenized Future | S&P Global (spglobal.com)
Forbes tratou do assunto com matéria: Como a tecnologia Blockchain pode criar mudanças transformadoras em escala global
Segundo a matéria: A tokenização ou os contratos autoexecutáveis podem ter um impacto que mude o mundo fora das coisas que envolvem dinheiro? Acredito que a resposta é um retumbante "sim".
Aqui estão três maneiras pelas quais a tecnologia blockchain está criando mudanças transformadoras em escala global. Em questões de saúde como a pesquisa do câncer, a proteção de dados de governos até a parte de logística. Claro, sem falar no sistema financeiro global. Leia mais aqui >>> How Blockchain Technology Can Create Transformative Change On A Global Scale
E a tokenização da arte?
É um movimento natural e que está democratizando a arte tanto para colecionadores quanto artistas. Uma forma de investimento, com transparência e garantia de procedência. E ainda com a vantagem de que a obra não se deteriora. É inegável o avanço da tecnologia e no mundo da arte e da fotografia também está permitindo colaborações nunca antes imaginadas e benefícios inesperados. Com espaço e oportunidades tanto para novos talentos quanto para artistas renomados (um tanto esquecidos em alguns casos).
A fotografia será tokenizada? A verdade é que esse movimento já começou. O desafio é que a internet criou camadas, de um lado as coisas como estão. Ou seja, de fotógrafos digitais que seguem no mesmo estilo e conduta do que estão fazendo até agora. O problema é que se a tokenização se tornar um padrão veremos a mesma coisa que aconteceu com a transição da fotografia analógica para o digital.
Isso quer dizer que quem estiver fora desta nova não poderá continuar na fotografia? Não. Só vai ficar ainda mais difícil, pois a tendência de desvalorização da fotografia digital é só de aumentar.
Curiosamente, a fotografia blockchain está mais próxima da fotografia analógica justamente por ter algo similar, a escassez. E talvez seja por isso que as duas estão se conectando.
Vale destacar que marcas como Adobe, Sony, estão investindo em criar câmeras e arquivos com autenticação. Daqui alguns anos não é difícil imaginar a fotografia blockchain está presente em sensores conectados em todos os smartphones e também nas câmeras. Aliás, já existem modelos de smartphone com essa tecnologia. Os conteúdos acima indicam a data de 2030 para que a tokenização se torne um padrão. Ou seja, são 7 anos até lá. Se voltarmos 7 anos no tempo, quantas coisas mudaram na fotografia?
Fotógrafos como Sebastião Salgado e a própria Agência Magnum e outras referências estão explorando as possibilidades e já estão conectados com a fotografia blockchain. No Brasil, a coisa ainda engatinha, mas creio que uma hora isso irá mudar.
Leia mais aqui >>> Os NFTs são o futuro da fotografia?
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