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O dia em que a gentileza também pediu para ser fotografada

Um convite para olhar a vida com mais calma, mais cuidado e mais luz

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Tino Rischawy/Unsplash




Este é um dos textos que nasce do mesmo espírito que guia a comunidade Fotograf.IA+C.E.Foto, onde pensamos fotografia com profundidade, estratégia, IA e propósito.


A fotografia sempre foi um gesto de gentileza. Mesmo quando ninguém nomeava assim. Antes de existir um dia mundial para celebrar a bondade, já havia pessoas estendendo o braço para segurar a câmera como quem oferece abrigo. Fotografar é dizer estou aqui com você, sem precisar pronunciar palavra alguma.


Hoje, 13 de novembro, o Dia Mundial da Gentileza recorda o mundo do óbvio que esquecemos: pequenas ações mudam muito mais do que grandes discursos. Um bom dia, uma atenção verdadeira, o cuidado no trânsito, o respeito com quem luta a vida nos semáforos. Há tanto nas cidades que passa sem ser visto, mas que pede para ser percebido como um frame perdido na pressa.


A fotografia, quando não é trabalho, é memória. Quando é trabalho, também deveria ser abrigo. Quem fotografa sabe que existe carinho no simples ato de prestar atenção. É gentil enquadrar alguém com dignidade. É gentil segurar a luz para que o outro se veja como nunca se viu. É gentil registrar a saudade de quem já partiu e que continua existindo na presença discreta de uma imagem.


Annie Spratt/Unsplash
Annie Spratt/Unsplash



Gentileza como estratégia, como linguagem e como marca

As marcas entenderam algo que muitos profissionais da imagem ainda hesitam em assumir: gentileza também é estratégia, desde que verdadeira e integrada ao propósito. A publicidade internacional dos últimos anos mostrou que a compaixão é mais poderosa do que slogans.



A Thai Life Insurance filmou um homem comum, quase invisível na multidão, espalhando pequenos gestos que mudavam silenciosamente o mundo ao redor. A câmera ali não era só narrativa, era testemunha. A peça viralizou porque, no fundo, todos reconhecemos um pedaço de nós naquele esforço de devolver algo bom ao mundo.



O mesmo aconteceu com a Coca-Cola, com seu brinde à gentileza inesperada, e com o filme do Facebook que mostrou uma comerciante ajudando trabalhadores demitidos durante a pandemia e, mais tarde, sendo salva pela própria comunidade. Essas campanhas têm uma mensagem que vai além do branding: gentileza é conexão. E conexão é o que move qualquer mercado, inclusive o da fotografia.



Se grandes marcas já entenderam isso, talvez seja hora de os fotógrafos se perguntarem que tipo de gesto oferecem ao seu público. Gentileza, no nosso universo, não se mede em descontos ou likes. Ela aparece quando você responde uma mensagem com calma, quando orienta um iniciante sem arrogância, quando ajuda um cliente a se sentir confortável diante da câmera, quando devolve dignidade a alguém que nunca se viu bonito antes. É uma força econômica invisível, porque cria reputação, cria afeto e cria memória.



Também é gentileza quando você publica algo no seu blog sem esperar nada em troca. Esse é o meu gesto hoje. Um texto construído com cuidado, aberto, que não tenta viralizar nem vender, mas acompanhar. Quem acompanha meu trabalho sabe que eu gosto de entregar contexto, profundidade, referências que iluminam. É a minha forma de retribuir cada leitura, cada comentário, cada pessoa que chega aqui porque acredita que a fotografia pode ser maior que o ruído.


E isso vale também para marcas pequenas. Não é preciso ter o orçamento de uma John Lewis para criar uma campanha que abrace alguém. Um fotógrafo de bairro pode construir uma ação simples para retratar histórias da comunidade. Uma loja de equipamentos pode agradecer clientes antigos com um ensaio simbólico. Um estúdio pode iniciar um projeto anual para celebrar quem nunca teve sua imagem honrada.

Gentileza também é posicionamento.



Enquanto o mercado inteiro briga por atenção, talvez os mais sábios sejam os que escolhem outro caminho: o de reduzir a velocidade, olhar nos olhos e produzir algo que não fere, não pressiona e não promete o impossível. No fim, a gentileza é uma linguagem visual. Ela aparece no gesto, na luz escolhida, no cuidado com o enquadramento e na forma como você devolve ao mundo as histórias que ele depositou nas suas mãos.


Fotografar, afinal, é uma das maneiras mais bonitas de dizer ao outro: você importa.


Gentileza também é saber tocar na própria história com cuidado. Cuidar da saúde mental, respeitar o próprio tempo, voltar a fotografar só pelo prazer de fotografar. Nada é mais compassivo do que lembrar que não precisamos estar brilhando o tempo todo para sermos dignos de memória.


O mundo anda rápido demais e, às vezes, agressivo demais. As redes sociais transformaram opinião em ruído e silêncio em suspeita. Mas a fotografia ainda é uma das poucas formas de dizer eu vejo você. E ser visto, de verdade, é um dos maiores gestos de gentileza que alguém pode receber.


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Erfan Moradi/Unsplash


Há 29 anos o Japão criou esta data para incentivar gestos simples. Talvez não exista gesto mais simples do que levantar a câmera para honrar um instante. Fotografar é um tipo de abraço que fica.


Que hoje seja um lembrete para voltar a olhar com calma o que importa. Para agradecer. Para ouvir. Para estender a mão. Para registrar a vida como quem protege algo frágil e essencial.


Afinal, gentileza gera memória. E memória gera pertencimento.


Como sempre dizem os fotógrafos que entendem o coração do ofício: antes da técnica, existe o cuidado. Antes do clique, existe o encontro.


E encontros, quando bem guardados, tornam-se um legado de gentileza com aquilo que mais importa.




 
 
 

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