Foto impressa na fotografia esportiva ganha novo valor no voleibol de base
- Leo Saldanha

- há 1 dia
- 3 min de leitura
A experiência criada por Marcos Milozi mostra como a impressão pode diferenciar o trabalho do fotógrafo

Em um tempo em que atletas acumulam milhares de imagens no celular, mas quase nenhuma fotografia física, um gesto simples tem provocado surpresa, emoção e reconhecimento nas quadras de voleibol de base. O fotógrafo esportivo Marcos Milozi (São Paulo) decidiu fazer o caminho inverso do óbvio. Em vez de apenas entregar arquivos digitais, passou a devolver a fotografia ao seu lugar mais direto: a mão de quem vive o jogo.
Após um período afastado da fotografia por questões de saúde, Marcos retomou o trabalho no início do ano focando na fotografia esportiva, com atenção especial ao voleibol de categorias de base. Ao acompanhar jogos e campeonatos, percebeu um padrão curioso. Os atletas tinham registros de sobra no celular, mas nenhuma foto impressa. Nenhuma na carteira, na mochila ou guardada como lembrança física.
A constatação deu origem a uma ideia simples e poderosa. Marcos passou a levar uma impressora compacta para os jogos e, ao final das partidas, presenteava dois ou três atletas de cada equipe com uma foto impressa do próprio jogo. Em alguns casos, entregava também uma imagem ao treinador.
A reação foi imediata. Surpresa, curiosidade e um tipo de encantamento raro em tempos digitais. Muitos atletas não imaginavam sair da quadra já com uma fotografia impressa daquele momento. A experiência passou a marcar tanto quanto o jogo.
As imagens têm um formato pequeno, prático, e são autocolantes. Podem ir para a capa do celular, para o armário, para a parede do quarto. Não são tratadas como produto à venda, mas como gesto. Um algo a mais que diferencia o trabalho.
Com o tempo, a iniciativa começou a se espalhar naturalmente. Atletas passaram a comentar, treinadores a valorizar, e o próprio ato de fotografar ganhou outro peso. Quando Marcos estava na quadra, muitos já sabiam que, além do registro, havia a possibilidade de levar uma memória física para casa.
O processo é parte do jogo. Durante a partida, ele já vai selecionando mentalmente as imagens que pretende imprimir. Nos minutos finais, aciona a impressora via Wi-Fi, transfere os arquivos e prepara a entrega. As fotos são colocadas em envelopes personalizados, pensados como parte da experiência.
Hoje, atletas que fecham parceria com o fotógrafo já sabem que, ao final do jogo, a fotografia não fica apenas no feed ou no armazenamento do celular. Ela vira objeto, lembrança, presença.
Em um mercado saturado de imagens perfeitas e descartáveis, a escolha de imprimir não aparece como nostalgia, mas como estratégia sensível. Um lembrete de que a fotografia não vive apenas na nuvem. Ela vive quando ocupa espaço, quando pode ser tocada, guardada e lembrada.
Esse tipo de iniciativa ajuda a explicar por que a foto impressa vem sendo redescoberta não como produto de massa, mas como experiência. E por que fotógrafos atentos aos gestos, e não apenas às ferramentas, continuam encontrando formas de se diferenciar.
Para quem vive da imagem, talvez a pergunta não seja se a fotografia impressa voltou, mas como ela pode voltar de forma inteligente, humana e coerente com o próprio trabalho.
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