Os contribuidores do Adobe Stock se sentem lesados pela forma como a empresa usa suas imagens para alimentar sua IA generativa. O dilema ético da Adobe Firefly: a ferramenta de IA que usa imagens do Adobe Stock para criar arte
A Adobe conseguiu se manter acima do debate sobre o uso antiético da inteligência artificial com o Firefly, sua própria resposta à crescente onda de geradores de arte de IA. A empresa garante aos usuários que a ferramenta é respeitosa com os direitos dos criadores (entre eles fotógrafos), pois sua tecnologia é treinada usando conteúdo de licença aberta, imagens de domínio público e recursos do Adobe Stock sem royalties. Como tal, todos os resultados gerados no Firefly são considerados seguros para uso comercial.
Essa abordagem mais amigável foi uma mudança bem-vinda para muitos, levando as ações da Adobe a dispararem depois que ela apresentou uma perspectiva otimista do ano fiscal no início deste mês. A gigante da tecnologia criativa disse que “a nova era da IA generativa” é a responsável pelos resultados positivos.
Infelizmente, é uma solução que agrada a maioria, mas não a todos. Os criadores com obras na Adobe Stock foram pegos de surpresa com a forma como seus trabalhos estão sendo usados para impulsionar a ferramenta Firefly.
No último Contrato de Contribuidor do Adobe Stock, aparece que criadores concederão à empresa “uma licença não exclusiva, mundial, perpétua, totalmente paga e livre de royalties” para usar, reproduzir, distribuir, modificar seu trabalho, inclusive para “desenvolver novos recursos e serviços”.
Em uma entrevista ao VentureBeat, um criador diz ter enviado 2.000 imagens para o Adobe Stock. Ele lamentou que a empresa esteja “usando nossa propriedade intelectual” para competir com a comunidade. O membro de longa data diz que usa os produtos da Adobe desde os 14 anos.
Outro artista conta que a mudança para a IA generativa veio sem precedentes, já que a tecnologia não existia quando os criadores se juntaram à plataforma há anos. Como tal, ninguém teria pensado duas vezes em alimentar a IA quando eles adicionavam consistentemente imagens à biblioteca sem royalties para fazer receita residual.
Outro efeito colateral é que os clientes agora estão baixando menos obras originais da Adobe Stock, pois agora que eles estão criando sua própria arte ou comprando imagens gerativas que inundaram o site. Segundo a publicação, os usuários beta do Firefly produziram mais de 200 milhões de obras com a ferramenta, enquanto os usuários do Photoshop criaram 150 milhões de imagens com a ajuda do Firefly.
Os criativos afetados dizem que gostariam que a Adobe tivesse avisado sobre essa parte de sua política com antecedência, ou que tivesse dado a eles a opção de optar por não participar da base de dados de treinamento no início.
Em resposta, a Adobe comenta que está olhando para a IA generativa como outra forma dos criadores ganharem dinheiro. Um porta-voz enfatiza ao VentureBeat que o Firefly ainda está em beta (em um artigo anterior, observamos que todas as imagens geradas com o Firefly beta ainda não podem ser usadas para fins comerciais).
Durante esse período, a empresa vai se envolver ativamente em discussões com os criadores para garantir que sua plataforma priorize a comunidade, explica o representante.
“Nós ouvimos as preocupações dos artistas”, acrescenta a Adobe. “Também estamos ouvindo muita empolgação pelo que essas novas ferramentas podem significar em termos de sua produtividade e da criatividade que elas podem liberar para criadores de qualquer nível de habilidade.”
Outro ponto é que a empresa revela em seu site que ainda está pensando em como compensar adequadamente os criadores do Adobe Stock.
“Estamos desenvolvendo um modelo de compensação para os contribuidores do Stock, e compartilharemos os detalhes desse modelo quando o Firefly sair do beta”, reconhece a Adobe.
“Não, não há opção de optar por não participar do treinamento de dados para o conteúdo enviado ao Stock”, acrescenta. “No entanto, a Adobe continua explorando a possibilidade de como resolver isso”. A ver.
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