Cena histórica ocorreu ontem (24) nos EUA. Ex-presidente norte-americano teve retrato feito para ser fichado pela polícia. Fotógrafos criticaram o fotógrafo dos retratos, mas a reflexão fotográfica deveria ser outra
Deixando a ideologia de lado, o olhar fotográfico do que ocorreu ontem apresenta sim uma reflexão. De quando a pessoa sabe o poder de uma foto e tem uma intenção. Basta ver que a página principal do site de Donaldo Trump está com a foto lá.
Trump é um homem de negócios e está usando o acontecimento histórico em benefício próprio. Algo que foi relatado pela BBC e outros portais. Aliás, você sabia que Trump vem criando coleções de NFT para monetizar com sua própria imagem.
Trump está vendendo itens para financiar sua defesa.
No fim, algumas pessoas sabem do poder da imagem, sobretudo aquelas que conhecem do assunto ou vivem dela. Como é o caso de comunicadores, influenciadores, políticos e celebridades. E Trump se encaixa em mais de uma desses perfis.
Quanto a qualidade das fotografias (Trump e os outros), de fato, não só o retrato dele como a dos outros "fichados" estão ruins. Mas o uso é meramente protocolar e com fins para registro e documentação. O que me faz lembrar de duas coisas. Fotos de passaporte e RG quase sempre são horríveis...
Mas nem sempre foi assim, inclusive para "mug shots" como o do Trump. Basta lembrar da série que viralizou década atrás mostrando "fotos de criminosos" australianos. Não sei se o fotógrafo australiano da polícia daquele país era mais "artista" ou se os criminosos tinha naquele caso uma boa auto percepção para posar para os cliques. Veja do que estou falando abaixo. São fotos da década de 1920.
Seja como for, tanto no caso de Trump (que é histórico) e das gangues australianas...vemos que uma imagem conta muito. Seja porque o fotógrafo consegue mostrar isso ou porque o retratado tem essa capacidade quanto a o que quer mostrar. Concorda?
Sobre as fotos dos gangsters australianos. Uma explicação histórica do site Rare Historical photos:
Vestidos com seus melhores ternos e gravatas, com suas cartolas, voltados para a câmera, esses homens e mulheres parecem estar posando para retratos caros. Mas por trás de suas aparências arrumadas há olhos culpados que escondem alguns dos crimes mais sinistros com os quais os policiais da época lidaram.
São fotos de condenados australianos que foram tratados pela polícia por assassinatos, roubos, assaltos e outros crimes nas décadas de 1920 e 1930.
O Museu da Justiça e da Polícia da Austrália divulgou 2.500 fotografias de mulheres criminosas da década de 1920. As imagens de assassinos, bígamos, contrabandistas e prostitutas fornecem um fascinante vislumbre da vida na Austrália no início do século 20.
Estas "fotografias especiais" foram tiradas maioritariamente nas celas da Esquadra Central de Polícia de Sydney e são, como explica o curador Peter Doyle, de "homens e mulheres recentemente arrancados da rua, muitas vezes ainda animados pelos dramas em torno da sua apreensão".
Doyle sugere que, em comparação com os sujeitos das fotos de caneca de prisão, "os sujeitos das Fotografias Especiais parecem ter sido autorizados – talvez convidados – a se posicionar e compor para a câmera como quisessem.
Sua identidade fotográfica parece, assim, construída a partir de uma potente alquimia de disposição inata, história pessoal, hábitos aprendidos e idiossincrasias, estilo pessoal escolhido (corte de cabelo, roupas, acessórios) e características físicas". As imagens em si são de excelente qualidade, lindamente compostas e, em muitos casos, bastante artísticas.
Fonte: Canecas vintage da Austrália, década de 1920 - Fotos Históricas Raras (rarehistoricalphotos.com)
