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O fim do preço médio: O que fotógrafos(as) podem aprender sobre valor, percepção e sobrevivência no mercado

Em um mercado cada vez mais dividido entre extremos de preço, quem não constrói identidade própria corre o risco de desaparecer

Erik Mclean/Unsplash
Erik Mclean/Unsplash

Este conteúdo faz parte do ecossistema de ideias da comunidade Fotograf.IA + C.E.Foto



Em um mundo de extremos, o preço médio virou um lugar perigoso para quem vive da criatividade. No livro "Alquimia" que li recentemente, o autor descreve como, em mercados instáveis, sobrevivem com mais força dois tipos de negócios: os que operam no extremo baixo do espectro de preços, oferecendo volume e acessibilidade; e os que apostam no extremo alto, entregando diferenciação e exclusividade.

Essa polarização não é apenas uma tendência. Ela reflete mudanças profundas no comportamento do consumidor, na desigualdade econômica e, principalmente, na percepção de valor. E no mercado da fotografia, essa realidade se torna cada vez mais evidente: de um lado, fotógrafos cobrando muito pouco para atender a um público massivo; de outro, profissionais que criam experiências premium e cobram valores elevados ...e, entre esses dois polos, um território cada vez mais estreito para quem aposta no "meio termo".


Cobrar barato não é, em si, um erro. Mas impõe desafios de volume, desgaste e dependência constante de novos clientes. Já quem busca o premium precisa dominar a arte de construir percepção de valor, um trabalho que envolve branding, marketing, posicionamento e muita consistência.


Mais do que preço, estamos falando de percepção, contexto e estratégia. E entender esses elementos é essencial para quem deseja não apenas sobreviver, mas prosperar em um mercado cada vez mais competitivo.


Diego Catto/Unsplash



1. Cobrar pouco: entre o volume e o desgaste

Oferecer serviços a preços muito baixos não é um erro estratégico em si. Em um país como o Brasil, onde mais da metade da população é de baixa renda, há um mercado imenso para quem consegue atender com eficiência e acessibilidade.

No entanto, essa escolha impõe exigências altas: é preciso volume constante de trabalho, logística eficiente e uma resistência física e mental considerável. O tempo torna-se o recurso mais escasso. A margem para investir em diferenciação, inovação ou mesmo em pausas estratégicas se estreita.

A fotografia, que em sua essência é arte e expressão, corre o risco de se transformar apenas em produtividade mecânica. E nesse cenário, qualquer oscilação de demanda, sazonalidade, crises econômicas ou novas tecnologias, pode ser devastadora para quem depende exclusivamente do fluxo contínuo de novos clientes.

Cobrar pouco é uma opção legítima, mas exige consciência dos seus custos invisíveis: o desgaste, o sacrifício de margem e a necessidade constante de manter a máquina girando.


Alexander Andrews/Unsplash
Alexander Andrews/Unsplash

2. Cobrar caro: a arte de construir percepção de valor

No extremo oposto, estão os fotógrafos que optam por preços premium. Mas cobrar mais não é apenas questão de colocar um número elevado na tabela: é sobre entregar uma experiência que justifique (e sustente) essa percepção de valor na mente do cliente.

Assim como a Dyson reinventou o mercado de aspiradores de pó e a Starbucks criou o desejo por cafés caros que antes ninguém pedia, fotógrafos premium precisam ir além da entrega técnica. Não vendem apenas fotografias; vendem histórias, experiências, identidade, pertencimento.

Criar essa percepção demanda consistência. Desde o portfólio até o atendimento, cada ponto de contato reforça (ou fragiliza) a ideia de valor. Branding sólido, narrativa clara, autoridade construída ao longo do tempo: esses são os alicerces que sustentam um preço elevado.

Em um mercado saturado de imagens, o que o cliente compra não é apenas a foto em si, mas o que ela representa para ele. Sem essa camada emocional, cobrar caro se torna insustentável.



3. Preço é percepção: o impacto invisível do contexto

O que é considerado caro ou barato raramente é objetivo. Nossa percepção de valor é profundamente moldada pelo contexto em que estamos inseridos...e pelos significados que atribuímos a cada escolha.

O mesmo serviço fotográfico pode parecer acessível ou inacessível dependendo de quem o oferece, de como se apresenta e de como o cliente se sente em relação à marca. Assim como no exemplo do livro, onde uma bebida caribenha encantava em um ambiente exótico, mas perdia completamente seu apelo fora dele, a fotografia também é influenciada por esses fatores sutis.

Mais do que preço, o que está em jogo é a história que se conta, o ambiente emocional que se constrói e a confiança que se transmite. E é nesse ponto que muitos fotógrafos se diferenciam, ou desaparecem.

Entender que preço é uma questão de percepção, e não apenas de tabela, é fundamental para navegar nesse novo mercado de extremos.



4. O desafio brasileiro: renda, acesso e escolhas estratégicas

No Brasil, o cenário se torna ainda mais desafiador. Com mais da metade da população pertencendo a classes de baixa renda, a pressão por preços acessíveis é intensa... e inevitável para boa parte dos negócios criativos.

Isso não significa, porém, que não haja espaço para o premium. Mas reforça a importância de compreender profundamente o seu público-alvo: suas aspirações, suas limitações e o que realmente valorizam.

Atuar no mercado de massa exige eficiência extrema e capacidade de escalar. Atuar no mercado premium exige construir autoridade, exclusividade e desejo. Ambos os caminhos são válidos, mas tentar atender a todos, sem um posicionamento claro, pode ser fatal.

Escolher conscientemente qual território ocupar — e construir uma estratégia coerente para ele... é mais importante do que nunca. No contexto brasileiro, isso significa também aceitar que nem todo mercado é escalável, e que, às vezes, nichar pode ser o maior ato de inteligência.


Escolher o extremo é necessário, mas construir sua marca é indispensável

Em um mercado onde o preço médio se torna um terreno frágil, a escolha entre volume acessível e exclusividade premium é inevitável. Mas, para além da decisão sobre onde posicionar seus preços, existe um fator ainda mais decisivo: a construção de uma identidade sólida.

Assinatura visual, posicionamento claro, presença de marca consistente... esses elementos serão a verdadeira âncora em um mercado cada vez mais polarizado. Não importa se seu foco será a escala ou a excelência premium: quem não investe em construir percepção e pertencimento corre o risco de se tornar apenas mais um no oceano de ofertas indiferenciadas.

Nesse processo, pertencer a uma comunidade de fotógrafos como FotografIA+C.E.Foto que também busca inovação, consistência e evolução torna-se ainda mais valioso. Isso é algo que estamos fazendo aliás, tanto nos encontros de Mentoria Coletiva quanto nos conteúdos exclusivos e foco no branding fotográfico.

No fim, compartilhar experiências, fortalecer a visão de mercado e refinar a assinatura pessoal são atitudes que se refletem diretamente na percepção de valor... e, consequentemente, na sustentação de qualquer estratégia de precificação escolhida.

No fundo, me parece que a questão não é apenas "quanto cobrar", mas quem você é no mercado. E como essa identidade é percebida por quem importa: seus clientes.


 
 
 

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