Morre Sebastião Salgado, o fotógrafo que fez o planeta enxergar a si mesmo
- Leo Saldanha
- há 2 horas
- 3 min de leitura
Reconhecido globalmente, ele documentou a condição humana e dedicou sua vida a causas sociais e ambientais com imagens que atravessaram fronteiras.

A fotografia perdeu hoje um de seus maiores nomes. Sebastião Salgado, brasileiro de Minas Gerais, cidadão do mundo e cronista visual da condição humana e da natureza, morreu aos 81 anos. A notícia foi confirmada pelo Instituto Terra, organização que fundou com sua esposa e parceira de vida, Lélia Wanick Salgado.

Mais do que um fotógrafo premiado, Salgado foi um testemunho vivo da História, com H maiúsculo. Suas imagens, quase sempre em preto e branco, atravessaram fronteiras e nos forçaram a ver aquilo que o mundo frequentemente escolhe ignorar: a desigualdade, o êxodo, o trabalho árduo, a destruição ambiental. Mas também a resistência, a dignidade e a beleza silenciosa de povos, florestas e gestos.
Repercussão mundial imediata
Rapidamente a notícia sobre a morte do fotógrafo percorreu as redes, grupos de WhatsApp e portais de notícias. Destaco algumas das matérias:
Sebastião Salgado, Photographer of the Human Spirit and Earth’s Majesty, Dies at 81 — Blind Magazine
O fotógrafo que era também ativista, economista e poeta da imagem
Formado em Economia, Salgado viu na câmera uma ferramenta de denúncia e transformação. Começou a fotografar nos anos 1970 e nunca mais parou. De garimpeiros exaustos em Serra Pelada a migrantes em trânsito pelo Sahel. De operários em fábricas esquecidas ao coração verde da Amazônia. Salgado ofereceu ao mundo retratos de um planeta em desequilíbrio e de uma humanidade sempre em movimento.
Obras como Trabalhadores, Exodus, Genesis e Amazônia não são apenas coleções fotográficas. São capítulos densos da história contemporânea, escritos com luz, sombra e compaixão. Seus retratos não são invasivos. São convites ao silêncio e à reflexão.


Muito além da fotografia
Com Lélia, sua companheira de jornada, fundou o Instituto Terra. Um projeto de restauração ambiental que transformou terras devastadas em floresta viva no Vale do Rio Doce. Um exemplo real e tocante de que a beleza pode ser reconstruída. E de que fotografar o mundo não basta. É preciso também agir sobre ele.

Enquanto muitos o chamavam de “esteta da miséria”, Salgado respondia com o peso da experiência. "Quantas vezes na minha vida eu pus a câmera de lado e sentei para chorar?", confessou. Ele sabia. Olhar de verdade para a dor alheia é um ato de coragem. Testemunhá-la é uma forma de empatia ativa.
Alguns vídeos marcantes de entrevistas e apresentações especiais do fotógrafo:
Legado imortal
Membro da Academia Francesa de Belas Artes, da Academia de Artes e Ciências dos EUA e homenageado com dezenas de prêmios, Salgado foi retratado no documentário O Sal da Terra, dirigido por Wim Wenders e seu filho, Juliano Ribeiro Salgado. Mas talvez seu maior reconhecimento seja invisível: o impacto que causou em milhões de olhares, consciências e corações.

Ele não buscava o glamour da fotografia. Buscava o essencial. E encontrou. Em uma entrevista recente, disse: “Não quero viver muito mais. Já vivi demais. Vi muita coisa.” Hoje, o mundo se despede de um homem que viu. E nos ensinou a ver.
Mais do que luto, gratidão
Sebastião Salgado nos deixa um legado que continua pulsando em livros, exposições, florestas replantadas e, sobretudo, em nossa percepção. Que sua ausência seja, paradoxalmente, uma presença constante. Nas causas que defendemos, nas imagens que produzimos e na forma como escolhemos olhar o mundo.
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