Mercado de câmeras em queda e outras notícias que podem te interessar
- Leo Saldanha

- 7 de out.
- 4 min de leitura
Entre dados preocupantes sobre vendas globais de câmeras e lançamentos que renovam o entusiasmo no setor, a fotografia vive um momento de contrastes entre retração e reinvenção.

O universo da fotografia vive um paradoxo fascinante. Enquanto os números apontam para um declínio nas vendas de câmeras, a indústria não deixa de se reinventar com novas lentes, formatos e tecnologias que prometem transformar a criação de imagens. Ao mesmo tempo, movimentos culturais e artísticos (como a volta dos zines e colaborações entre marcas históricas) resgatam o valor da materialidade e da memória.
Nesta semana, anúncios e análises publicados por veículos internacionais revelam a amplitude e a diversidade desse momento: do avanço técnico e das parcerias entre gigantes do setor à celebração da fotografia como arte tangível. O resultado é um retrato do presente: múltiplo, híbrido e em constante transformação. Boa leitura.
📉 Queda nas vendas de câmeras preocupa o setor

Segundo dados da CIPA, o verão (no hemisfério norte) em 2025 registrou o pior desempenho em vendas de câmeras dos últimos dois anos. O relatório mostra um desaquecimento tanto nas câmeras mirrorless quanto compactas, refletindo um mercado mais cauteloso e possivelmente saturado. Especialistas apontam que o avanço da fotografia móvel e o alto custo de equipamentos seguem pressionando os fabricantes tradicionais.
⚙️ Blackmagic acelera o fluxo de trabalho RAW

A Blackmagic Design anunciou que seu formato Blackmagic RAW, considerado o mais rápido do mundo, estará disponível em breve em câmeras da Sony. Essa integração promete simplificar a pós-produção e aumentar a qualidade das imagens em projetos de cinema e publicidade, reforçando a tendência de colaboração entre marcas antes concorrentes.
🔭 Tamron expande sua linha para Nikon Z

A Tamron apresentou a nova lente 70-180mm f/2.8 Di III VC VXD G2, agora compatível com o sistema Z da Nikon. O lançamento, destacado pela DPReview, oferece estabilização óptica aprimorada e foco rápido, mirando tanto profissionais quanto entusiastas. O movimento reforça a disputa entre fabricantes por espaço no ecossistema mirrorless.
🎥 Laowa amplia fronteiras do cinema anamórfico

A Laowa lançou sua lente mais ampla até agora, a 20mm T2 Proteus 2x Anamorphic, voltada para produções cinematográficas de alta exigência. O anúncio que apareceu em destaque na mídia internacional destaca que o modelo oferece profundidade e estética clássica de cinema, atendendo diretores que buscam visualidade marcante com menor custo em comparação a lentes premium.
📱 Huawei e a nova era da fotografia móvel

A Huawei lançou no Brasil a linha Pura 80, marcando o retorno da marca ao mercado nacional com foco em fotografia móvel de ponta. Segundo o Estadão, o modelo promete câmeras com tecnologia avançada e parceria com especialistas em imagem. A aposta reforça a ascensão dos smartphones como ferramenta principal de criação visual. Em tempo: O Pura 80 é considerado o melhor smartphone do mundo para fotografar em 2025 segundo a DXO Mark.
👟 Reebok e Kodak unem moda e nostalgia

A colaboração entre Reebok e Kodak, divulgada na mídia, revive o espírito retrô com uma coleção de tênis e roupas inspiradas no design das câmeras analógicas. A parceria une duas marcas icônicas e resgata a estética vintage em meio à era digital, aproximando gerações por meio do estilo.
📸 Richard Avedon e o retrato da maturidade

The Duke and Duchess of Windsor, Waldorf Astoria, suite 28A, New York, 16 April 1957..
O The Guardian publicou um artigo reflexivo sobre o legado de Richard Avedon, explorando seus retratos de figuras como Gloria Swanson e a forma como capturava o envelhecimento com elegância e intensidade. O texto revisita a sensibilidade de Avedon diante da passagem do tempo e reafirma sua influência duradoura na fotografia contemporânea.
🌿 Jardins secretos e a poesia do abandono
Encerrando o panorama, o site This is Colossal apresentou a série “Secret Gardens” do fotógrafo francês Romain Veillon, que registra lugares abandonados tomados pela natureza. O trabalho une estética e reflexão ecológica, mostrando como o tempo transforma ruínas em paisagens poéticas e silenciosas.
📚 Viva o impresso: por que todo fotógrafo deveria fazer um zine

O artigo “5 reasons why I think every photographer should make a zine (even in the digital age)” da Digital Camera World defende que, mesmo numa era dominada por redes sociais e telas, existe valor em produzir uma publicação impressa feita pelo próprio autor.
O autor argumenta que os zines obrigam o fotógrafo a pensar em sequência narrativa, curadoria visual e ritmo de leitura, algo que o fluxo infinito de imagens nas redes não exige.
Além disso, destaca que o contato físico com o papel (sua textura, o peso do encadernado) proporciona uma experiência sensorial que a tela não oferece. Outro ponto defendido é que o zine força o encerramento de projetos, em vez de deixar imagens “em aberto” em pastas digitais. E assim também serve como ferramenta de portfólio tangível, capaz de abrir portas em galerias e revisores.

Ou seja, tudo para ser algo complementar à fotografia digital: aquela que retorna ao objeto palpável, ao “livro de bolso” autoral, como contrapartida e extensão da prática visual no universo digital.
A semana revelou um contraste marcante: enquanto as vendas de câmeras tradicionais enfrentam queda, o mercado se movimenta com inovações em lentes, formatos de arquivo e parcerias criativas. A fotografia segue se reinventando: seja na palma da mão, no cinema ou nas colaborações que unem passado e futuro.



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