Entre a lente e a narrativa: a polêmica sobre fotos de fome em Gaza
- Leo Saldanha

- 9 de ago.
- 3 min de leitura
Acusações, defesas e o desafio de manter a precisão jornalística em um dos conflitos mais sensíveis do mundo

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Imagens de crianças e mulheres palestinas segurando panelas vazias, em meio à guerra e à fome, estampam capas de revistas e manchetes mundo afora. Carregam uma força emocional inegável, mas também se tornaram o centro de um debate que mistura fotojornalismo, propaganda e a própria confiança no que se vê.
O ponto de partida foi uma reportagem do jornal alemão Süddeutsche Zeitung (SZ), que levantou dúvidas sobre a precisão de algumas fotos feitas em Gaza, especialmente as que mostram pessoas pedindo comida através de cercas. Pouco depois, o tabloide Bild reforçou as acusações e apontou diretamente o fotojornalista Anas Zayed Fteiha, freelancer da agência turca Anadolu, como responsável por uma cena supostamente encenada. O fotógrafo já teve imagens publicadas por veículos como CNN e BBC, mas passou a ser acusado por grupos pró-Israel de produzir “propaganda do Hamas”.

A defesa do fotógrafo
Em declaração publicada nas redes sociais e repercutida pelo Arab News, Fteiha chamou as acusações de “falsas” e “uma tentativa desesperada de distorcer a verdade”.“O cerco, a fome, os bombardeios e a destruição que o povo de Gaza enfrenta não precisam ser fabricados. Minhas fotos refletem a dura realidade de mais de dois milhões de pessoas, a maioria mulheres e crianças”, afirmou.
Ele também acusou o Bild de violar princípios éticos do jornalismo e de ter histórico de publicar desinformação. “É fácil escrever reportagens a partir de ideologias, mas difícil obscurecer a verdade que a lente de um fotógrafo carrega, vivendo o sofrimento ao lado das pessoas, ouvindo o choro das crianças, fotografando os escombros e a dor das mães”, completou.
Contrapontos e investigações paralelas
O Bild sustenta que as imagens reforçam narrativas de sofrimento imposto por Israel e que teriam sido encenadas para amplificar esse efeito. Já a Time esclareceu que a foto de sua capa de 1º de agosto, frequentemente atribuída a Fteiha, foi feita por outro fotógrafo da Anadolu, Ali Jadallah, e licenciada via Getty Images.
O grupo israelense de verificação Fake Reporter também contestou pontos da reportagem do Bild, afirmando que havia registro abundante de distribuição de alimentos no local retratado e que alegar que as crianças não estavam em um ponto de ajuda era “incorreto”.
Agências de notícias reagiram de forma distinta: AFP e DPA encerraram a colaboração com Fteiha, enquanto a Reuters manteve o trabalho do fotógrafo, alegando que suas imagens atendem aos padrões de “precisão, independência e imparcialidade”.
Imagem como arma e zona cinzenta do fotojornalismo
Especialistas apontam que, mesmo quando há direção mínima de cena, algo relativamente comum em coberturas de guerra para organizar enquadramentos, isso não necessariamente invalida a realidade documentada. Christopher Resch, da Repórteres Sem Fronteiras, alertou que rotular fotógrafos como “agentes de propaganda” pode colocar suas vidas em risco, especialmente em zonas de conflito onde a imprensa estrangeira tem acesso restrito.
O pesquisador Gerhard Paul lembra que, em Gaza, onde o Hamas mantém forte controle sobre a circulação de informações, a produção de imagens pode ser influenciada por interesses políticos. Ao mesmo tempo, dados da ONU mostram que a escassez de alimentos é real e grave: apenas uma fração dos caminhões de ajuda humanitária chega ao destino.
O caso revela um paradoxo constante no fotojornalismo de guerra: imagens poderosas ajudam a expor crises humanitárias, mas também podem ser usadas como instrumentos de propaganda. Entre a urgência de informar e o risco de manipulação, a lente segue sendo tanto uma janela para o mundo quanto um campo de disputa narrativa.
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