Corona e o Sol: a arte de esperar a luz na era da pressa
- Leo Saldanha

- 12 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de nov.
A cerveja mexicana entrega o comando ao astro que sempre a inspirou. Cem anos depois, o tempo e a luz voltam a ser protagonistas. Um projeto que devolve à fotografia o que ela tinha de mais humano: a paciência.

Em tempos de correria sem fim, ninguém mais espera a luz. O celular calcula a exposição, o software suaviza a sombra, o filtro corrige o que o sol não teve tempo de fazer. Mas há um grupo de pessoas na costa do Chile que decidiu confiar novamente no acaso... e na própria natureza.
A marca Corona, ao completar cem anos, convidou o fotógrafo e ativista Rodrigo Farías para um experimento anacrônico: deixar que o sol fizesse o trabalho. Com câmeras pinhole, sem lentes, sem energia elétrica, sem previews. Só um furo minúsculo, o filme e a fé na luz.
Durante cem dias, a costa chilena se transformou em um laboratório aberto. Cada fotografia levava horas para existir e ninguém sabia o que viria. Às vezes, um borrão. Às vezes, uma paisagem perfeita, feita apenas pelo tempo e pela luz.

Farías descreveu o processo como “um modo de reaprender a olhar”. Ele esperava, enquanto o sol atravessava o céu, como quem escuta uma história antiga sendo contada devagar. A cada exposição, uma lembrança de que a fotografia nasceu do silêncio e que o brilho mais verdadeiro não vem da tela, mas do sol.
A campanha, chamada “Made by the Sun”, acabou se tornando uma metáfora do próprio século: o retorno ao simples, o reencontro com o natural, o contraste com o mundo que quer tudo instantâneo.
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A Corona, que sempre vendeu a ideia de liberdade e praia, agora vende o oposto da pressa. Um convite para lembrar que viver é também esperar: pela luz, pelo momento, por si mesmo.
Próximo passo
Esperar pode ser o ato mais revolucionário da criação. É nessa pausa que o olhar amadurece, e a visão se torna mais clara.



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