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Como a IA está mudando a fotografia online e o que isso significa para os fotógrafos profissionais

Aplicativos que usam IA para criar fotos de perfil realistas estão ganhando popularidade entre os jovens que buscam emprego, mas o que isso significa para os fotógrafos profissionais?


Imagine que você precisa de uma foto de perfil para o seu currículo online, mas não quer gastar dinheiro com um fotógrafo profissional. Você poderia tentar tirar uma selfie, mas sabe que o resultado pode não ser muito bom. Ou você poderia usar um aplicativo que usa inteligência artificial (IA) para criar uma foto sua com aparência profissional, sem precisar de uma câmera, um estúdio ou um guarda-roupa.


Essa é a proposta de aplicativos como Remini, Try It On AI e AI Suit Up, que estão fazendo sucesso entre os jovens adultos que querem impressionar os recrutadores online. Esses aplicativos usam algoritmos para transformar selfies comuns em imagens sofisticadas, com roupas, cabelos, maquiagem e cenários diferentes. As fotos também têm uma pele perfeita e às vezes até um corpo mais magro. Nas últimas semanas na minha timeline notei um crescimento considerável de apps como Remini e afins. Todos com o apelo de gerar fotos para retratos baratos e com a promessa de resultados surpreendentes. Nos comentários vemos que não é bem assim, com pessoas reclamando de mudança do rosto, do corpo e de fotos "fakes". Por outro lado, muitos parecem bem felizes e inclusive comentando: "gastar com fotógrafo profissional é coisa do passado".





Os aplicativos são diferentes dos filtros e do Photoshop, que apenas alteram as fotos existentes. Eles criam fotos inteiramente novas, baseadas no seu rosto, mas não necessariamente fiéis à realidade. O objetivo é fazer com que as pessoas pareçam que foram fotografadas por um profissional, o que pode ser útil para sites como o LinkedIn, onde uma boa foto de perfil pode fazer a diferença.


Um vídeo que mostrava uma mulher usando um aplicativo chamado Remini para gerar fotos de perfil com aparência profissional viralizou no TikTok no verão. O vídeo teve mais de 50 milhões de visualizações e inspirou muitos outros a fazerem o mesmo. E existem outras publicações bombando com exemplos. A verdade é que o TikTok tem sido um dos principais fatores de popularização da tendência. Até porque atrai jovens e é muito usado por eles. Aliás, recentemente outro app desse tipo bombou só que dessa vez voltado para fotos que simulam os álbuns de formatura (yearbooks) dos EUA nos anos 1990. Aqui cabe uma observação importante: fica evidente que novos aplicativos vão surgir e afetas outros mercados (lembrando que o próprio Remini também simula foto de gestante). O fator que vai levar ao aumento da tendência é justamente a força dos apps, dos smartphones e do próprio avanço da IA em smartphones (o novo modelo Pixel 8 do Google e o iPhone 15 trazem recursos movidos por IA nativa que são surpreendentes).



"Fire Your Photographer (Demita seu fotógrafo)" - um dos apps que mais cresce hoje


Mas enquanto alguns usuários elogiam os aplicativos pela praticidade e pelo baixo custo, outros criticam a qualidade e a ética das imagens geradas por IA. Alguns acham que as fotos são artificiais e irreais, e que podem enganar os potenciais empregadores ou clientes. Outros questionam se as pessoas deveriam usar fotos que não refletem sua verdadeira aparência ou personalidade. E o que os fotógrafos profissionais pensam dessa tendência? Será que eles estão perdendo clientes para os aplicativos de IA? Ou será que eles podem se adaptar e aproveitar as novas tecnologias?


Anúncio que aparece muito no Brasil hoje.


O assunto foi destaque recente em um dos portais de notícias mais relevantes do mundo, a BBC. A matéria mostra a visão de usuários. Para Michelle Genobisa, 26, de Aalborg, na Dinamarca, os aplicativos de IA são uma alternativa barata e conveniente aos fotógrafos profissionais. Ela diz que usa os aplicativos para experimentar diferentes visuais sem ter que mudar o cabelo ou a roupa na vida real.


“Muitas vezes mudo de visual, como a cor do cabelo… então foi uma maneira fácil de coletar algumas fotos com o efeito de um ensaio fotográfico profissional”, diz ela. “Para tirar esse tipo de foto, profissionalmente, é muito caro.” Michelle Genobisa diz que usa os aplicativos de IA para experimentar diferentes visuais.


Já Molly McCrann, uma atriz australiana de 25 anos, diz que prefere tirar fotos reais com um fotógrafo profissional. Ela diz que as fotos geradas por IA são falsas e não representam sua personalidade. “Eu só acho que parece tão falso, você pode dizer que parece fortemente editado, ou parece IA”, diz ela.


Molly McCrann diz que sua versão de IA parece obviamente falsa “Quando eu postei o meu, me fez parecer tão magra, e eu não pareço assim.” McCrann acrescenta que acha que provavelmente é melhor mostrar aos possíveis empregadores como você realmente se parece. No entanto, ela também está preparada para ver o outro lado da discussão. “Alguém escreveu um comentário com o qual eu realmente concordo - se essa empresa vai se basear em aparências, eu quero entrar na sala. E se isso vai me colocar na sala, então vou usar headshots de IA para conseguir a entrevista.”


Mas e o impacto potencial que imagens melhoradas por IA podem ter em nossa autoestima? O psicólogo do consumidor, Paul Marsden, diz que há dois lados na questão.

“Por um lado, pode nos permitir colocar nosso melhor eu e a imagem de nós mesmos que queremos projetar para o mundo e, por sua vez, nos motivar a ser assim na vida real”, diz ele à BBC.


“A psicologia das primeiras impressões é como tomamos decisões rápidas com base nas impressões iniciais e, usando IA, as pessoas podem se colocar na corrida para potencialmente serem consideradas para uma oportunidade. Por outro lado, isso pode afetar a autoestima e as crenças das pessoas de que elas mesmas não são boas o suficiente em comparação com sua geração de IA, resultando em baixa confiança.”





Os recrutadores se importam? Tristan Barthel, da Tate Recruitment, com sede em Londres, viu um grande aumento no número de pessoas que usam IA para melhorar suas fotos.

Ele diz que não faz diferença na forma como lida com a candidatura de uma pessoa. “Eu posso ver se uma imagem foi gerada pela IA, e isso não afetaria minha decisão, para mim é sobre as qualificações.”


Para os fotógrafos profissionais, a tendência dos aplicativos de IA para fotos de perfil pode ser vista como uma ameaça ou uma oportunidade. Por um lado, eles podem perder clientes que preferem usar os aplicativos por conveniência ou economia. Por outro lado, eles podem se diferenciar pela qualidade e pela criatividade de seu trabalho, e até mesmo usar os aplicativos como ferramentas para experimentar novas ideias ou estilos. E mais: como forma de bater justamente na força da experiência, do autêntico e da assinatura visual. E devem bater ainda mais forte na força da "realidade" e quem sabe talvez até da imperfeição.


Eu conversei com vários fotógrafos de forma informal e muitos veem os aplicativos e a IA como uma oportunidade. Eles dizem que usam a tecnologia para criar fotos conceituais e artísticas, e que não se sentem ameaçados pela concorrência.


O principal argumento dos fotógrafos: de que os aplicativos de IA são interessantes para quem quer ter uma foto rápida e simples, mas não substituem o trabalho de um fotógrafo profissional. E que no fim um fotógrafo tem um olhar artístico, uma sensibilidade, uma técnica e um conhecimento que os aplicativos não têm.


Também ouvi da ansiedade que essa tecnologia gera nos fotógrafos profissionais. Alguns disseram que veem sim a ameaça real e substituição para várias demandas (como retratos, produtos e outros). Uma visão comum é que os aplicativos de IA são um desafio para os fotógrafos, porque eles vão obrigar colegas a buscarem novas formas de expressão e de comunicação.




A tendência dos aplicativos de IA para fotos de perfil pode ser um sinal do futuro da fotografia online. Com o avanço da tecnologia, é possível que em 2024 vejamos mais apps e soluções como essas nos mais variados nichos da fotografia, desde retratos até paisagens. Na verdade já vemos em áreas como fotografia de culinária, imóveis e produtos. Além é claro do avanço em retratos como vimos nesta matéria. Isso pode ter um impacto significativo nos negócios dos fotógrafos, que terão que competir com algoritmos cada vez mais sofisticados, mais baratos e ultra realistas. Mas também pode ser uma oportunidade para os fotógrafos se reinventarem e mostrarem seu valor. A própria Adobe em seu evento da semana passada mostrou uma série de novidades com o Firefly 2 e um executivo no evento disse que a IA vai avançar mais na fotografia. Ou seja, veremos mais mudanças, transformações intensas e rápidas. E nessas horas adaptação, estudo e rapidez serão fundamentais.


A propósito, se você quer estudar e dar os primeiros passos com IA na Fotografia conheça o Guia Fotograf.IA. Saiba mais clicando aqui >>> Aprenda a Usar a Inteligência Artificial na Fotografia com o Guia Fotograf.IA


E na semana que vem tem nova apresentação para membros para tratar desse importante tema do avanço da IA na fotografia e como os fotógrafos podem e devem se proteger >>> Fotograf.IA: como se diferenciar e gerar valor mesmo com o avanço da I.A. na fotografia

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