Canon confirma aumento de preços nos EUA por causa de tarifas: “Estamos estimando o valor e o momento”
- Leo Saldanha
- 29 de abr.
- 3 min de leitura
Fabricante japonesa é a primeira do setor fotográfico a se pronunciar oficialmente sobre o impacto direto das novas tarifas americanas

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Em meio a tensões comerciais entre Estados Unidos e Japão, a Canon foi a primeira grande fabricante do setor fotográfico a se manifestar publicamente sobre o impacto das novas tarifas americanas. Durante a apresentação dos resultados financeiros do primeiro trimestre, executivos da empresa confirmaram que os preços dos produtos deverão subir em solo americano.
“Vamos aumentar os preços e estamos no processo de estimar o momento e o valor desse reajuste”, declarou a empresa em resposta aos analistas financeiros. A Canon também revisou para baixo sua previsão de vendas para o setor de câmeras, reduzindo-a em 25,2 bilhões de ienes (cerca de US$ 177 milhões), ainda que boa parte dessa queda se deva à flutuação cambial.
A empresa projeta vender 3 milhões de câmeras com lentes intercambiáveis (ILCs) em 2025. Trata-se de um aumento de 6% em relação ao ano anterior. A estimativa de faturamento para a divisão de câmeras permanece em ¥1,011 trilhão (US$ 7,1 bilhões), o que ainda representa um crescimento de 7,9% sobre 2024.

Tarifas e produção japonesa: vantagem competitiva?
Segundo a Canon, o cenário foi desenhado com base em uma tarifa de 10% sobre produtos japoneses, bem abaixo da proposta inicial de 24%. O governo dos EUA determinou um período de 90 dias com a tarifa reduzida, enquanto negociações seguem em andamento.
Apesar da medida impactar o mercado americano – responsável por 25% das vendas da divisão de câmeras, a Canon acredita ter certa vantagem frente à concorrência. “Produzimos mais produtos no Japão do que outras empresas”, disse a companhia, destacando uma possível resiliência de sua cadeia de produção.
Já os equipamentos fabricados na China, que estariam sujeitos a tarifas altíssimas de até 145%, são majoritariamente vendidos no próprio mercado chinês, o que, segundo a empresa, evita prejuízos mais graves em escala global.
Efeitos a médio prazo e possíveis desdobramentos
Com cerca de um a dois meses de estoque já presente nos EUA, a Canon prevê que os efeitos das tarifas só começarão a ser sentidos de forma mais concreta na segunda metade do ano. “O impacto principal ocorrerá no segundo semestre”, informou. Ainda não há decisão sobre eventuais mudanças na estrutura da cadeia produtiva.
A empresa monitora de perto as negociações e, por ora, assume que o impacto será restrito ao mercado americano. Mas alerta: “Se essa questão tarifária desencadear uma recessão global, nossas projeções precisarão ser revisadas.”
Curiosamente, consumidores de outras regiões podem ser beneficiados. Produtos atualmente em falta, por exemplo, poderão ser redirecionados para outros mercados, caso não possam mais ser enviados aos EUA.
A discussão completa sobre o tema foi abordada em detalhes no documento de perguntas e respostas divulgado junto ao relatório trimestral da Canon.

E o Brasil?
Embora a Canon tenha afirmado que o impacto, por ora, está concentrado no mercado americano, é inevitável considerar possíveis efeitos em cadeia no restante do mundo. Uma alta nos preços nos EUA pode redirecionar estoques para outras regiões, pressionando a oferta e os prazos de entrega. No Brasil, onde o câmbio já encarece naturalmente os equipamentos importados, esse cenário pode gerar dois movimentos simultâneos: uma maior dificuldade para reposição de produtos e, ao mesmo tempo, oportunidades para distribuidores locais negociarem estoques excedentes de outros mercados. Além disso, qualquer instabilidade global no setor pode afetar a cadeia logística internacional, impactando prazos, custos e disponibilidade em território nacional.
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