Sebastião Salgado na COP30: legado, memória e a força da imagem na conferência que define o futuro do planeta
- Leo Saldanha

- 18 de nov.
- 3 min de leitura
A abertura do segmento de alto nível da COP30, em Belém, transformou a obra de Sebastião Salgado em símbolo de consciência ambiental e humanidade em um dos momentos mais decisivos da diplomacia climática mundial. Exposições, selos comemorativos, homenagens e relatos pessoais marcaram a presença do fotógrafo que, mesmo após sua morte, segue guiando o olhar do mundo para a Amazônia.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A COP30 entrou em sua fase política nesta semana em Belém, e o início das plenárias ficou marcado por um silêncio simbólico. Antes das falas oficiais, um vídeo com parte da série Amazônia, de Sebastião Salgado, foi exibido para ministros, delegações e lideranças de todo o planeta. A curadoria foi assinada por Lélia Wanick Salgado, sua parceira de vida e de obra, em diálogo musical com Bachianas Brasileiras nº 5, de Villa-Lobos.
O presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, destacou que Salgado aceitou com generosidade o convite para inspirar a COP30 com suas imagens. Afirmou que seu legado permanece como uma consciência inquieta de nosso tempo, um olhar que dignifica as pessoas, seus territórios e seu trabalho, enquanto convoca o mundo a proteger florestas, águas e todas as formas de vida que sustentam o planeta.
Salgado morreu em maio, aos 81 anos, em Paris. Mesmo fragilizado por problemas de saúde decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990, trabalhava na preparação de uma exposição monumental para a COP: 255 imagens gigantes sobre a Amazônia, resultado de uma jornada fotográfica construída entre 2013 e 2019. Era seu projeto final, um testemunho do que ainda resiste e do que ainda pode ser salvo.
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A homenagem ecoou entre diplomatas de vários países, muitos deles emocionados ao reconhecer que a força visual da obra de Salgado muitas vezes ultrapassa discursos políticos. Ao relembrar sua trajetória, o embaixador Corrêa do Lago reforçou que o fotógrafo transformou a fotografia documental mundial e elevou ao máximo grau a ideia de que ver é um ato de responsabilidade.
A presença da família também marcou o momento. Juliano Salgado, filho do fotógrafo e presidente do Instituto Terra, acompanhou a cerimônia em Belém. Corrêa do Lago agradeceu sua participação, destacando o trabalho do instituto como referência internacional de restauração ambiental.
A força do legado de Salgado também se fez presente em outras frentes da conferência. Os Correios lançaram dois selos especiais na Zona Verde da COP30, um deles em homenagem ao fotógrafo e ao Instituto Terra. As imagens selecionadas para os selos são de Leonardo Merçon, fotógrafo capixaba convidado por Lélia e Sebastião há mais de uma década para registrar a regeneração da Mata Atlântica em Aimorés. Merçon lembrou que se sentiu representado na COP mesmo à distância, já que as fotografias do projeto Últimos Refúgios dialogam com a missão que inspirou a vida do casal Salgado.
A cerimônia de lançamento reuniu representantes do Instituto Terra, da Itaipu e do Itaipu Parquetec, reforçando a união entre arte, ciência e política ambiental. Para Juliano, receber a homenagem em nome dos pais simboliza a continuidade de um esforço de décadas, que hoje se traduz em milhões de árvores plantadas e na recuperação de um bioma que estava à beira do colapso.
A COP30 segue em Belém com debates sobre transição energética, justiça climática e implementação do Acordo de Paris. Lideranças internacionais reforçaram que esta é a COP da verdade, das ações concretas e das decisões que não podem mais ser adiadas. Entre discursos, metas e negociações, as imagens de Sebastião Salgado seguem projetadas como lembrete de que a fotografia, quando nasce do comprometimento profundo com a vida, tem o poder de mover consciências, atravessar fronteiras e inspirar escolhas decisivas.
No Museu das Amazônias, a exposição Amazônia permanece aberta ao público durante toda a conferência, oferecendo aos visitantes a mesma experiência sensorial que marcou a abertura da plenária de alto nível.
A presença de Salgado na COP30, mesmo após sua partida, mostra que o impacto de um olhar não se mede por tempo, mas por profundidade. Sua obra segue viva, urgente e necessária. E, em Belém, transformou-se na voz visual de uma conferência que tenta decidir o futuro de todos nós.
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