O que estou lendo: a transformação da Leica e as lições que Kodak, Polaroid e Nikon não conseguiram aplicar
- Leo Saldanha

- 11 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de nov.
Como uma marca centenária encontrou relevância em um mercado que devora tradição

Este é um dos textos que nasce do mesmo espírito que guia a comunidade Fotograf.IA+C.E.Foto, onde pensamos fotografia com profundidade, estratégia, IA e propósito.
Li hoje um artigo muito bom do Nino Leitner, publicado no CineD, sobre uma das viradas mais improváveis da fotografia contemporânea:“The Leica Transformation – How a Camera Icon Went From Crisis to €596M by Killing the Rangefinder”
O texto revisita um momento crítico. Em 2005, a Leica estava praticamente insolvente. Chegou atrasada ao digital, prisioneira da própria história e sem fôlego para competir com o ritmo da indústria. Duas décadas depois, a mesma Leica registra quase €600 milhões em receita, expande parcerias globais, reposiciona seu negócio para muito além das câmeras tradicionais e lança a M EV1, uma M sem rangefinder. Aliás, algo impensável para qualquer purista até pouco tempo atrás.
Essa história contrasta com outras trajetórias igualmente icônicas, mas muito menos bem-sucedidas.
Polaroid faliu duas vezes. Tentou ser tech quando sua força era o sensorial, perdeu o norte e voltou a existir quando voltou para sua essência: fotografia instantânea como experiência, não como tecnologia.
Kodak segue viva, mas virou símbolo de “como perder o bonde”. Inventou o digital e teve medo de canibalizar o próprio negócio. Hoje é referência recorrente em carrosséis, palestras e posts que explicam o custo de ignorar transformações inevitáveis.
Nikon sobreviveu e se reorganizou, mas enfrentou anos difíceis até encontrar uma rota mais clara no mirrorless, enquanto Canon e Sony avançavam agressivamente.
A Leica, por outro lado, fez algo raro: Teve a coragem de mexer no que era sagrado.
Abriu o L-Mount.
Entrou nos smartphones com protagonismo real.
Diversificou receita sem perder identidade.
E agora questiona até o elemento mais simbólico da sua linha M.
É um caso único de como uma marca centenária pode honrar sua história sem ser refém dela.


Para quem vive da imagem, entender esses movimentos é essencial. Eles mostram que o futuro não pertence à tradição nem à ruptura absoluta, mas a quem sabe recombinar as duas coisas com estratégia, visão e coragem.



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