Fotógrafos e empreendedores de fotografia buscam no marketing digital a resposta para todos os problemas. Uma abordagem contraditória e fria para um ofício que lida com emoções e memórias tão valiosas
Na base do marketing está o entendimento do perfil do cliente. Normalmente colocamos todos nossos esforços em entender quem atendemos, quem ele é e como podemos atraí-los. Aqui começa um desafio que não é pequeno e é ao mesmo tempo traiçoeiro. O fotógrafo fotografa e acredita que só isso já é o bastante. Contudo, agora em um momento em que todos estão em casa os desafios aumentaram. O consumidor está com a cabeça em outras coisas. Uma pesquisa recente mostrou que 80% dos brasileiros só querem gastar com o básico e isso é muito legítimo. Na prática isso representa que mais de 40 milhões de brasileiros estão dispostos a consumir outros itens. Talvez com sorte a fotografia entre nessa lista de desejos. Ao fotógrafo que começa, ou mesmo o mais experiente, o marketing sempre foi uma dor. “não sei fazer marketing” ou “não sei o que é marketing”. Aqui nesse ponto já resumimos para tirar essa dúvida: marketing é sobre atrair e manter clientes. isso valia antes (60 anos atrás quando o marketing foi criado) e segue valendo agora. A diferença é que hoje a forma de atrair e manter os clientes passa pela internet. O consumo on-line não para de crescer em um cenário onde todos estão reclusos. inclusive com a venda de ensaios remotos, fotos para decorar a casa e serviços de impressão que tiram fotografias esquecidas da nuvem e das redes sociais para enviar as imagem ao papel.
Nos últimos dez anos o marketing digital foi o que mais cresceu e ao mesmo tempo gerou um desvio considerável na percepção sobre a atividade. Traduzindo: os fotógrafos e negócios de fotografia veem essa forma de atuar no online como “gerar leads” para vender ensaios, fechar contratos e afins. Onde vender se sobrepõe ao relacionamento. Onde uma pessoa vira um cadastro. Onde a relação fica fria e impessoal. Isso, para um negócio que lida com emoção e memórias, acaba sendo bem preocupante. Alguns dos maiores especialistas do marketing do mundo dizem a mesma coisa. Agora é sobre ter cuidado, se importar com cada pessoa. E isso vale para o digital da mesma forma. O fato é que o fotógrafo iniciante ou experiente terá que mudar a conduta a partir de agora. Terá que ser mais humano, mesmo estando distante. Os leads, cadastros e disparos e gatilhos terão menos importância. O que vai fazer a diferença será a preocupação com cada pessoa. Personalização na fotografia e um fotógrafo profissional muito mais personalista. Só assim para entrar na casa de um cliente em tempos de pandemia. Só assim para convencer que um álbum e fotos impressas de momentos valiosos valem a pena. De contar as histórias de cada cliente de uma forma verdadeiramente interessada. Isso pode até começar pelo WhatsApp, mas tem que terminar com aquela família encantada e querendo retornar para novas fotos e também te indicando para amigos e parentes.
Marketing da influência feito na base do “te indico” aliás que é o mais valioso que existe, o famoso boca a boca (que representa 80% do marketing dos melhores fotógrafos do mundo). É o trabalho bem feito que gera novos clientes e que será indicado pela internet entre amigos e parente. Um marketing digital amistoso e de extrema confiança. Não é coisa de lead e nem de funil. Clientes são pessoas e indivíduos não gostam de ser espremidos em qualquer funil que seja. Apareça para uma pessoa (seja ela nova ou conhecida) e pergunte como estão as coisas e como você pode ajudar? Isso já pode quem sabe fazer uma enorme diferença. E ao menos você vai se sentir bem fazendo as coisas de forma menos automática, digital. Está claro para mim que o novo marketing na fotografia será assim. Humano, pessoal e intimista. Exatamente como é quando você está lá fotografando e feliz da vida com seus cliques.
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