Faz alguns anos que escrevi sobre isso e agora o conceito do fotógrafo da família parece ganhar ainda mais força na pandemia
Tem alguns anos que escrevi um artigo na fhox mostrando que fotografar famílias era o futuro para fotógrafos. Não no sentido de fotografar ensaios de família. Mas sim como um profissional que atua atendendo todas as necessidades familiares. A verdade é que isso não é novo. Por décadas, fotógrafos servem clientes dessa forma. o fotógrafo fez o casamento e daí é chamado para o batizado. Depois é lembrado para fotografar o aniversário dos filhos e depois outras festas. Fazendo tudo bem feito ele é indicado por amigos e parentes daquela mesma família. o resultado é o que gosto de chamar de fotógrafo da família. A diferença é grande. Essa fotógrafa ou fotógrafo faz de tudo para os pais. Clicou a mãe quando era gestante, fez os registros do parto e voltou para quem sabe retratar o bebê e clicar o acompanhamento até o primeiro ano da criança. Talvez a mãe precise de retratos para o trabalho dela em uma empresa. Ela é executiva e precisa renovar as fotos corporativas. O marido dela também tem a mesma demanda. Ele ainda vai precisar de fotos de produtos da empresa ou negócio que está envolvido. É tudo encadeado. Falhou em uma via, falhou na sequência de possibilidades. A grande pergunta é: quanto vale um fotógrafo que serve uma família em tantas situações como essas descritas anteriormente?
Na linha do tempo estamos falando de uma relação de muitos e muitos anos. É um trabalho de extrema confiança. Algo que existe desde o tempo do filme fotográfico e que os melhores fotógrafos que atendem às mesmas famílias nem fica se gabando (estão muito ocupados trabalhando para agradar aos clientes). Dando um salto temporal estamos em 2020. Na pandemia famílias contando moedas, as pessoas vão consumir na base dessa relação de confiabilidade. Podem até gastar, mas vão investir de forma diferente. o consumo consciente pede novas ofertas mais em conta e entregas mais acessíveis. é menos tempo da sessão de aniversário e um produto mais barato e menor. Tem espaço para cobrar mais e criar coisas diferenciadas? sempre tem: como saiu em diferentes pesquisas, 80% dos brasileiros vão gastar com o básico. E os outros 20% que querem gastar com experiências e itens não essenciais. Aqui cabe a pergunta: família e suas memórias são essenciais? Mesmo cobrando menos isso não quer dizer porcaria ou qualquer coisa entregue para as famílias. quer dizer uma nova fase de adaptação. Não digo isso com base em achismos é algo que ocorre nesse momento no mercado. A família está precisando de experiências marcantes, formas de escapar das notícias ruins e do desgaste de tudo o que está ocorrendo. Eu mesmo passei pela experiência de uma sessão de família com meu cachorro em um parque de São Paulo. Todos com máscara e devidas medidas de segurança. As fotos foram da Spitz Fotografia e foi muito bom para mim, minha esposa e minha filha. Desconfio que o Cookie que é meu cachorro também curtiu bastante. Foi uma vivência com segurança. Deise de Oliveira é fotógrafa e do grupo de risco mas criou algo para a gente com segurança e foi muito bacana. Teve fotógrafo que criou sessões online e até tutorial em formato de guia para o cliente.
A experiência combinada com produtos vem como tendência forte? vai depender de você e da sua oferta, mas me parece que sim. As pessoas vão querer as duas ofertas (serviço e produto). Lembrando que tendências são feitas por quem está no mercado. o que está claro é que a família é o foco de tudo. Estão reunidos em casa e mesmo quem já está voltando a alguma rotina de normalidade também terá interesse. Aqui entra a importância das memórias em um momento delicado. O produto não deveria ser só a foto digital com alguma oferta de produto diferenciado. Um álbum, decoração com fotos ou algo mais criativo. O fato é que a fotografia de família (e suas vertentes) é o canal para muitas coisas distintas. Elo entre foto de festa infantil, corporativo, pet, sensual e por aí vai. O fato é que estamos diante de um momento de não aglomeração e isso impacta casamentos e outros eventos sociais com bom número de pessoas. Só não se engane: uma hora as coisas vão retornar e aí teremos a retomada. O problema é o agora que vai daqui até sei lá quando. Dezembro, março ou talvez mais para frente. Nesse ponto a família como alvo de mercado é uma opção viável e das poucas possíveis. Retorne ao começo e reveja sobre o território da confiança. Só vai entrar na casa das pessoas e estar conectado como fotógrafa da família (de preferência por muitos e muitos anos) aquele profissional que inspirar confiança de verdade. Relacionamento construído nas pequenas coisas. Das medidas de higiene básicas até os prazos de entrega do produto. E se o cliente não tiver problemas com a pandemia você terá que se portar como se todos pensassem igual. Pois é a sua responsabilidade de ter contato com os da sua família e de outras que atender. Creio que foi em 2013 ou 2014 que abordei sobre o futuro do ramo está na fotografia de família. Teve gente que concordou e fotógrafos que não gostaram (um me disse que se fosse isso mesmo ia mudar de ofício). obviamente não vive a fotografia só disso. Passa por decoração, impressão, captura para tantas outras áreas. Tem vídeo e tecnologia. Tem a parte da arte e muitas outras. A diversidade da fotografia é que torna ela incrível. Você faz escolhas de como vai encarar esse mercado. Se escolher foto de casamento terá que se adaptar a uma realidade de poucos eventos com formato muito pequeno, mais intimista (e ok). Se for de formatura terá que olhar para novas formas de retratar formandos com esse cenário desafiador e mais online. E por aí vai… Sempre acreditei que a fotografia da família era promissora. Pois ela envolve quase tudo. A começar pelo óbvio…de que quase todos têm uma família. O casamento como o começo de tudo.E uma grande sequência que segue a partir disso. Tudo está interligado. De qualquer forma a foto da família está disponível em tantas possibilidades.
O que fica claro desse ambiente de hoje no Brasil é que a fotografia de família sairá mais fortalecida da pandemia. Evidente que não será assim para todos que atuam no mercado, mas sim para os que entenderam e se adaptaram a essa nova dinâmica de atuação dos últimos meses. Agora vou prestar muita atenção em seus desdobramentos para o fim de 2020 e o que virá como consequência para 2021. Seja como for, a fotografia de família está realmente como uma forte opção para o presente. Não sem enfrentar desafios, bloqueios e ajustes. E aqui vale mencionar que foto em si será parte importante nesse processo, mas outros fatores decisivos combinados com a “foto bonita” é que farão a diferença. Daqui para frente será questão de relacionamento, postura e profissionalismo (coisa básica há que se dizer mas que muitas vezes parece diferencial). Outros diferenciais? Boas doses de disposição e familiaridade. Elementos que respectivamente são sinônimos de confiança e relacionamento. Justamente o que faz uma família querer trabalhar com você.
O novo marketing na fotografia é mais humano e parte importante desse processo. Tópicos abordados no livro “Marketing Básico para Fotógrafos” e o curso online “Marketing (é o) Básico”. A importância do produto na fotografia é tema do curso online Foto+Produto. Iniciativas da ENF by Leo Saldanha.
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