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Esquecimento e desvalorização: dois grandes riscos em não oferecer produto impresso na fotografia


Eu não preciso de foto impressa no meu negócio de fotografia”. Já ouvi essa frase e variações em inúmeras ocasiões e sei de gente que não acredita ou deixou de acreditar no produto impresso. É fácil entender o motivo, até porque vivemos em um mundo de telas e ultra conectado. Está tudo ali tão pertinho…ou pelo menos assim parece. Em determinados nichos da fotografia profissional de fato a foto no papel pode até ser desnecessária. Caso dos fotógrafos de imóveis ou de comida ou de publicidade. Ou de fotógrafos de TikTok e afins que vivem de vender ensaios digitais. Ou de fotógrafos de retratos justamente para LinkedIn e por aí vai. Ainda assim, esse fotógrafo digital poderia incluir na oferta um “mimo impresso”, algum tipo de lembrança no papel que vai ficar para aquele cliente. Eu sei que sou suspeito porque faço parte do mercado.



E na arte? nas feiras de arte fotográfica e galerias o que é vendido? telas eletrônicas com fotos digitais? A verdade é que com o NFT talvez isso se torne possível em ampla escala, mas ainda me parece que vai demorar para chegar neste patamar. E mesmo que chegue, a foto única impressa com a mais alta qualidade terá sempre seu valor. Se for uma tiragem mais limitada então…seja um colecionador, uma empresa ou um consumidor final, o pensamento em relação a obra ou produto impresso depende da visão e do comportamento do outro lado. É justamente aí que a fotografia digital se perde toda.


A foto digital é descartável e rápida. Está ali por alguns instantes até o próximo conteúdo, a próxima notificação e passada de dedo na tela. Pequena e espremida e brilhante. O grande prêmio é um comentário, a curtida é afago de alguns segundos. No caso da fotografia de família, de casamento, de formatura isso é mais sensível. O fotógrafo que faz a escolha do digital leva vantagens na agilidade, na suposta redução de custo de não imprimir. Entrega rápido e resolve a ansiedade dele e do cliente. A grande pergunta que fica é: onde vivem essas imagens? A resposta sabemos bem. É comprovada a relação entre valor, conexão emocional e impressão. Sobretudo quando eu sou o assunto naquela imagem. A foto digital não chega nisso e me parece que nunca chegará.


“Ah, mas mesmo que eu faça algo impresso o cliente não valoriza e nem vai lembrar de mim”. De fato, se for qualquer coisa impressa só por fazer não vai lembrar mesmo. Aliás, nem é para lembrar de você o tempo todo, mas sim na hora que estiveram ali…revivendo e relembrando bons momentos com álbum na mão ou outro produto de valor adicionado. No fim, o que está claro para mim é que existem três tipos de fotógrafos quando o assunto é produto impresso na fotografia: os que estão sem produto, os que tem produto mais do mesmo e aqueles que contam com produto diferenciado. Em qual perfil você se encontra?


Enfim, o fotógrafo digital vai encarar diversos desafios: terá que se desdobrar para mostrar valor em algo digital (lembrando que quase tudo que é assim tende ao menor valor possível). Isso se explica porque a oferta de coisas digitais é interminável. E de fotógrafos assim também. O outro obstáculo deste profissional é ser lembrado. Aí ele vai depender do Facebook lembrar a pessoa e dela ter postado e marcado ele para que amigos e parentes “vejam quem fez”. E mesmo que isso ocorra é questão de algumas horas para sumir da mente daquelas pessoas. Na minha visão, o fotógrafo 100% digital sem produto perde valor e na essência enfrenta uma contradição: cria histórias para as pessoas e deixa que elas escorrerem pelas redes sociais ou que se percam nas nuvens. A foto no papel é propósito e está ligada com esse marketing mais humano, preocupado com as pessoas. Afinal, trata-se do legado delas. Então, o esquecimento não é sobre você que não será lembrado pois seu trabalho ficou no “fundo do HD”, mas sim dos clientes esquecerem ou pior, podem inclusive perder estes arquivos. A decisão de ser um fotógrafo só digital é conveniente, mas no longo prazo corrói a marca. O esforço no tempo e com a concorrência extrema é de desvalorização do trabalho ou de um fluxo nocivo de mais trabalhos por menos valor. Algo que é desgastante. Existem conflitos que reforçam o desafio. Por exemplo, de que fotógrafo com oferta de produto é mais caro ou de que o cliente não quer saber disso e vai perguntar: sem álbum é mais barato. Quem é o especialista e profissional desta história mesmo? Assunto para um próximo conteúdo.


Que tal refletir sobre essas questões e tomar uma atitude quanto aos produtos impressos na fotografia? Se precisar de ajuda conte comigo. Em tempo: dias 14 e 15 de setembro tem nova turma ao vivo do Foto+Produto.



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