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Foto do escritorLeo Saldanha

Covid-19: Como está a fotografia brasileira 100 dias depois?

Mais de três meses após a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus apresentamos um panorama do ramo para o período

Pouco mais de três meses como ficou o mercado fotográfico em suas mais variadas frentes? Essa não é uma resposta fácil porque o país é continental e os impactos foram distintos em diferentes regiões. Mais do que isso, setores sentiram de formas diversas. Veja como a FHOX faz a leitura do momento com essa marca dos 100 dias de pandemia no Brasil. 


Fotografia decasamento. O impacto foi altíssimo. As festas de casamento tiveram forte efeito direto da pandemia. Sobretudo por envolver aglomeração. Em um primeiro momento vieram as remarcações e cancelamentos (que seguem ocorrendo diga-se de passagem). Importante destacar que os casamentos não pararam por completo. Essamatéria recente da FHOX mostra que a queda foi forte,mas que as cerimônias ocorreram (no civil e em eventos muito menores). O que surge como tendência é o micro wedding com no menos de 10 pessoas e todas as questões de segurança tomadas. Ocorrem em espaços abertos e com tempo de duração menor. Outra vertente que surge na pandemia é a Live do casamento como abordamos nesta matéria recente. Como fica daqui para frente? qualquer exercício de futurologia é delicado para esse e outros segmentos. Fotógrafos da área dizem que já sentem os efeitos para os próximos meses com desmarcações afetando a agenda até setembro e muitos dizendo que o segundo semestre também será ou já foi perdido. Os profissionais da área mostram-se preocupados (além do lado financeiro crítico) quanto ao boom de eventos que teremos no ano que vem com a retomada. Traduzindo: com as remarcações terão que rebolar para encontrar maneiras de trabalhar com datas que foram reocupadas. No começo da pandemia entrevistamos o fotógrafo Marcelo Schmoeller de Florianópolis que iniciou uma campanha de encaixe com garantia de um profissional parceiro que faz parte de um grupo de confiança. Uma estratégia acertada. O panorama para a fotografia de casamento olhando de uma forma fria não é dos mais animadores. Qual será a alternativa? Profissionais buscando trabalhos comerciais variados e fazendo ensaios remotos, festas de aniversário (quando os clientes topam ter o fotógrafo) e venda de fotos autorais para decoração. Outros optaram pela impressão de fotos dos clientes em plataformas como aFotoGoou mesmo usando impressoras próprias que tinham em casa. O fotógrafoDanilo Siqueira lançou uma campanha estimulando casamentos aos domingos. Uma forma de atenuar um dos muitos desafios daqui para a frente no cenário pós-pandemia. Seja como for uma parcela dos fotógrafos de casamento seguiu para uma das alternativas: buscou faturamento com outros serviços fotográficos (inclusive impressão) e olhando para família. AFotop lançou uma nova plataforma para atender fotógrafos com uma ideia engenhosa.


É importante dizer que muitos fotógrafos até mudaram ou estão mudando de profissão. E tem aqueles que simplesmente tem condições e vão esperar. Esses obviamente são a minoria. Resta saber se o setor de casamentos vai se transformar completamente de 2021 para frente. Será que a era das mega festas e dos orçamentos ainda mais justos será a nova norma? 


Fotografia de família e newborn –Aqui o impacto também foi sentido só que em diferentes níveis. Isso porque muitas gestantes fizeram questão de ter um ensaio (tentando fazer isso com segurança) em externas e até no estúdio. O fato é que a fotografia de família mostrou-se uma alternativa interessante até para fotógrafos de casamento e também para as profissionais que só faziam newborn. O ensaio remoto entrou como opção de produto para muitas fotógrafas e fotógrafos desse segmento no caso da sessão de família. A ideia de imprimir ou ter um produto para o cliente também ajudou. Como o caso daChloè com os álbuns da quarentenaque agora tem até versão para avós. Parto que no começo estava mais travado por conta das restrições em hospitais acabou tendo alguma flexibilidade do começo dos casos para cá, mas segue com restrições para boa parte do Brasil. Ainda assim os profissionais estão sempre apreensivos na hora dessa cobertura. Por razões óbvias de estarem em um ambiente que pode levar a contaminação. 


Aqui vale a menção de uma área que faz parte da família: dos aniversários. Com as festas sem ocorrer como antes, o que na verdade vimos foi o avanço das festas para pais e filhos com transmissão ao vivo. E os fotógrafos (aqueles de confiança e verdadeiramente da família) foram chamados para fotografar (e até cuidar da transmissão dessas lives) em várias partes do Brasil. No caso do newborn, o que muito se viu foram profissionais da área que foram sim clicar os bebês nesse meio tempo. Muitas fizeram isso sem divulgar para não ter qualquer tipo de julgamento ou percepção negativa dos próprios consumidores ou de colegas. Lembrando que a ABFRN listou uma série de recomendações para associadas como não abrir estúdio entre outras e também para não expor clientes e bebês ao risco do contágio. De novo, muitos que atuam no mercado acabaram fazendo a sessão. Difícil é precisar quantos. 


Como fica daqui para frente? a flexibilização mostra que existe um retorno gradual para todas as possibilidades desse mercado. Mas com uma nova realidade de aniversário com pouco tempo de duração e só os mais próximos. No caso de newborn aumenta a importância de aspectos técnicos de segurança e novos protocolos que alteram a rotina e até a forma de comunicar esses controles para os clientes. No fim, quem for mais sério, cuidadoso e de fato profissional terá vantagem sobre os colegas nessa nova fase de reabertura se souber comunicar esses novos valores no território da confiança. Levar a foto para o papel foi mais uma vez fundamental para muitos desses profissionais. Com álbuns de quarentena, fotopresentes e decoração com fotos. Oferta feita pelos próprios fotógrafos para os clientes com condições especiais. Em tempo: tanto em casamento quanto newborn e família muitos aproveitaram para acertar entregas, zerar a fila de álbuns para os clientes. Ou oferecer álbuns antigos em condições especiais. E isso também ajudou. 

Oportunismo também aconteceu. Tanto em família quanto casamento e newborn. De profissionais vendendo preço para tentar conseguir trabalhos e sem pensar em questões de segurança. Só pensando mesmo em tentar vender algo para esse momento daqueles clientes que queriam fechar algo. 


Fotografia de formatura – Grande impacto nesse mercado de formatura pois envolve aglomerações de pessoas. O ensino superior está sem uma previsão concreta de retorno e muitas universidades anunciando que vão manter um formato EAD até o fim do ano. O mercado de foto escola também foi atingido da mesma forma. Em São Paulo por exemplo o anúncio do retorno em setembro em um formato híbrido pode indicar como será mais para a parte final do ano. De qualquer forma, para a parte fotográfica a restrição foi gigantesca. As universidades particulares fizeram cortes de professores e o quadro de inadimplência de alunos é bem alto. O mesmo vale para a evasão. No estado de SP a inadimplência para o período passou de 70% e da evasão acima de 11% nas instituições particulares. Sem formaturas ou com antecipações que não preveem condições ideais para fotógrafos ou empresas de formatura o desafio ficou imenso. As empresas do ramo de formaturas (e de foto e vídeo) viram em boa parte seu faturamento zerar. 


A alternativa foi a busca por ofertas de álbuns para clientes do passado. Muitas empresas conseguiram atuar com bons resultados na impressão desses produtos para clientes de turmas antigas. A questão é até quando essa opção estará disponível? E o futuro? Se existe um alento é do EAD que só deve avançar com universidades como a USP anunciando que as aulas seguirão nesse ambiente online. Resta saber se as empresas de foto de formatura vão conseguir adaptar uma nova oferta para esse estudante. A digitalização e um formato híbrido para atuar no relacionamento com os formandos parece ter ser essencial e acelerar as questões da transformação digital para o setor. O horizonte para o segundo semestre ainda mostra-se turvo e com baixas expectativas por parte dos empresários do ramo. Talvez a necessidade de um novo olhar que tem mais a ver com personalização do que escala faça-se necessário daqui para frente. O formando é jovem, tem família e não poderia imprimir e consumir a fotografia (ou vídeo) de outras formas no contato com essas empresas? É uma pergunta que muitos empresários do setor deveriam ou estão se fazendo…


Loja de foto – o varejo foi extremamente atingido com as restrições ao varejo. Como não é um serviço essencial, as lojas de foto e estúdios não puderam abrir em muitos estados brasileiros e começaram a retomar nas últimas semanas. Lembrando que em algumas cidades menores essas restrições não ocorreram. O fato é que esse momento acelerou o avanço online das operações. O que é uma loja de foto hoje? importante dizer que o estilo de atuar e configuração dessas empresas já estava em transformação antes da pandemia. Em um grupo de lojistas da FHOX no WhatsApp (que vem crescendo nos últimos dias) a participação é distinta: papelarias, gráficas rápidas, loja-estúdio, loja clássica, loja online e fotógrafos apostando em impressão online. O que os empreendedores perceberam: que a entrega se tornou um diferencial e a comodidade e conveniência de enviar pelo WhatsApp.


Que a combinação híbrida é um caminho sem volta de estar bem no online e oferecer a possibilidade de buscar na loja (embora a entrega seja mais interessante para o momento). O que ganhou força em termos de produtos diferenciados é o formato Polaroid e fotopresentes decorativos para datas comemorativas. No Dia das Mães e dos Namorados com bons resultados para muitas lojas que fizeram ataque nas redes sociais, por email e WhatsApp com a base de clientes que já tinham. O negócio online já vinha com força antes e agora se torna obrigação para quem quer seguir trabalhando em varejo na fotografia. Quanto aos pontos físicos o grande desafio é das idas e vindas com o avanço do número de casos e com retornos ao fechamento de pontos em determinadas regiões. Algo que ocorreu recentemente com Porto Alegre por exemplo. 


A força do vídeo  – Vídeo é uma necessidade em tantas frentes. Para marcas, na divulgação de produtos e na transmissão ao vivo e outras vertentes. Na verdade o vídeo serve como suporte e esforço na divulgação. Serve como produto e atendendo negócios e famílias. Seja com transmissões ao vivo ou no marketing. A era da loja ao vivo e a criação de produtos híbridos também se mostra promissora. O caso de uma fotógrafa do Rio de Janeiro que criou um produto impresso para o Dia das Mães com QR Code só indica que esse caminho híbrido de vídeo com foto é de fato sem volta. 


As alternativas – O grande produto que evoluiu nos últimos meses na pandemia foi o ensaio ou sessão remota. Começou como um desafio de fotografar amigos e clientes fiéis. Para depois se transformar em uma opção de produto real. com ensaio online para gestantes, famílias e até na moda. Diretores filmando clipes a distância por exemplo mostram a diversidade no formato. Curioso é ver a sessão online gerar produtos impressos com álbuns físicos e se tornar uma experiência diferenciada para as famílias que ficaram em quarentena. O formato evoluiu muito em 100 dias e parece que não só veio para ficar como vai render ainda mais para a fotografia de família e outras áreas do nosso mercado. Com a chegada do 5G em alguns anos ficamos tentando imaginar como será essa nova fase da sessão remota e da era das Lives e do vídeo ao vivo com uma internet móvel super rápida. Mais do que um produto é uma experiência, contato e marketing ao mesmo tempo. 


A indústria e os laboratórios – As marcas foram afetadas da mesma forma que seus clientes. Até porque estamos falando de uma economia em ciclo. Se o fotógrafo, lojista ou empreendedor não consome comprando da indústria o efeito é nocivo em todas as escalas. Nos bastidores é sabido sobre a redução de quadros de funcionários e adequação a essa nova realidade. Claro que atinge cada marca de formas muito particulares. Uma empresa de props do mercado de newborn sente mais do que uma multinacional por exemplo. Como era de se esperar quase não vimos grandes lançamentos. Com algumas iniciativas de lives e eventos exclusivos usando Zoom ou outras plataformas. Alguns laboratórios lançaram iniciativas diferenciadas para ajudar os clientes. Caso da Go image lançando a Fotogo.com.br e de um pacote de soluções para a Covid-19. Questões como entrega, restrições na operação da produção afetaram claramente diversas operações no país. Resta saber como as marcas de diferentes portes vão atuar para os mais variados mercados da fotografia daqui para frente? boa parte das empresas reduziu no marketing ou partiu para ações táticas que fazem sentido no curto ou até médio prazo mas que corroem o valor e a continuidade do negócio mais para frente. A sensação que fica é que mais do que vender a questão do suporte e de se posicionarem de forma mais pró-ativa ficou aquém do que poderia ser. O reflexo dessa postura será sentido nesse semestre e provavelmente em 2021. Até porque envolve os próprios clientes na ponta que consomem da indústria movimentando tudo. 


Foto cabine – Altamente impactado assim como casamentos e formaturas. As foto cabines se viram paradas e sem trabalho. Alguns nesse setor buscaram alternativa com ofertas criativas para lives e impressão via hashtag. Outros viraram o negócio para impressão e entrega local. Embora sem dados oficiais muitos também já desistiram do mercado. E como tudo ultimamente outros viram como oportunidade para testar novas estratégias e modelos de negócio no online e na venda via apps de mensagens e com delivery. 


O marketing e a transformação digital – Não resta nenhuma dúvida que a era online se consolida em muitas frentes. Do ensino ou dos eventos digitais na fotografia. Das sessões remotas as lives como ferramenta de marketing. Da oferta de produtos e no acompanhamento de ponta a ponta usando ferramentas digitais. Os números de e-commerce comprovam o crescimento em outros setores. Não existe um dado oficial, mas a sensação é de que os fotógrafos e negócios de fotografia que se mexeram nesse ambiente obtiveram algum resultado. E tem tudo para sair na fase pós-pandemia com uma bela vantagem já adaptados para o novo ambiente competitivo. 


O que vem por aí? Seria muita irresponsabilidade fazer qualquer tipo de previsão para os próximos meses. É fato que o reflexo os reflexos financeiros e toda a redução econômica. A grande questão é como ficará todo o mercado daqui para a frente. O cenário macro na economia é dos mais complexos com queda prevista para o PIB no país sendo a maior em 120 anos segundo números recentes divulgados por especialistas em economia e com base em informações divulgadas pelo FMI. Essa mistura de incerteza, milhões de desempregados e a sombra de novas ondas de casos do novo coronavírus não dá margens para muita animação. Por outro lado vimos sim casos de empresas e empreendedores se reinventando com resultados financeiros surpreendentes. Um estúdio do centro-oeste brasileiros abriu os números de faturamento mostrando que cresceu durante a quarentena. Um grande laboratório brasileiro também indicou o mesmo. A Chloè recentemente disse em conversa que o período foi de faturamento recorde. Todos os exemplos acima têm algo em comum: valorizam a impressão. 


A força e a importância da impressão – Nesse ambiente aconteceram muitas coisas interessantes. Álbuns da quarentena, as sessões online com inúmeras variações. O surgimento de diários da Covid ou de foto máscaras. Decoração com fotos em obras especiais impressas para quem quiser deixar a casa mais bonita. Tudo envolvendo a impressão de alguma forma em algo que ajuda a justificar preços e entregar um produto tangível para clientes. Além de ser uma memória histórica (sempre afetiva) de um momento em que a família está reunida. E o mais relevante: tudo mesclado com a oferta online via site, apps de mensagem e afins. 









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