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Foto do escritorLeo Saldanha

A estratégia clichê na fotografia

Tanto no estilo quanto nos negócios, não dá para ignorar a força do clichê na fotografia





A conta Insta Repeat mostra repetições fotográficas. Os famosos clichês em imagens. A pessoa que puxa a outra pela mão, o retrato bem na frente de um par de asas, a foto das gotas que escorre na janela do carro na chuva (com luzinhas atrás). A lista é interminável. O fato é que o que é popular tem seu apelo e a voz do povo é a voz de Deus (para ficar em uma frase bem batida acompanhando essa temática). Um exemplo de tudo isso é onda selfie. As selfies não só seguem com a mesma força de antes (talvez até mais fortes agora) como se sofisticaram. A força desse apelo parece ligada com o que é comum e agradável.


Já vi isso antes e quero repetir. Se o outro faz é porque é bom. Eu posso fazer o mesmo. Esse ato de repetição é bem similar ao que faz da fotografia tão forte, a reprodução de imagens. Talvez nesse ponto exista a oportunidade. A evolução do clichê para algo mais sofisticado. As selfies de Zien se tornaram arte, mas outras artistas vem colocando o autorretrato em um patamar de expressão artística. Isso só seria possível com a força do popularzão.


O que é “de massa” facilita o trabalho. A questão é quando entrar na brincadeira e como evoluir o assunto. Para entender melhor o tema basta olharmos os memes. Só tem graça mesmo quando você entra na conversa no tempo certo. Muito cedo nem todo mundo ri. Muito depois já não tem graça. Vale a mesma mentalidade para o “pop”. Então esse timing é estratégico…


Estilos fotográficos desconhecidos se tornaram verdadeiros mercados com a replicação dessas imagens à exaustão. Isso vale para coisas específicas da fotografia de casamento, newborn, formatura e família. Vale para vídeos e me parece que para a arte também. Quando chega em um ponto de saturação é que temos a oportunidade de criar algo dentro daquele estilo mas com a chance de desenvolver uma coisa nova. O que quero dizer: será que não dá para fazer algo um pouco além do clichê? Pode parecer bobo, mas é o que negócios e fotógrafos que se destacam costumam fazer. Eles pegam o que está bombando e dão um novo toque. Alguém vem e copia e vira uma ciranda de copiação que pede novas ideias. É um jogo dinâmico de criatividade. Para quem não gosta de clichê é oportunidade e desafio. Importante destacar que algumas modinhas dentro das modas morrem. Ainda bem…


O problema para quem cria uma novidade é se ela vai funcionar ou não. Talvez seja só uma perda de tempo. Mas e se der certo…? Se der certo, a situação favorável vai te posicionar como o cara que repensou tal foto, estilo ou negócio. Só que vão começar a “se inspirar” e em pouco tempo você terá duas opções: ficar preso no que você criou, criar algo novo (sempre com a chance de falhar) ou parar com tudo.


Essa mentalidade vale para os negócios. olhamos para o que parece funcionar e as tendências e replicamos. É sorteio de instagram, é evento online, é live, isso e aquilo. Até que alguém surge com uma iniciativa que parece distinta. Da mesma forma para produtos e serviços. Curioso é notar que os produtos que mais vendem não são inovadores. Basta notar que as fotos avulsas (10 por 15 ou Polaroid) são campeãs de vendas. Álbuns tradicionais sem nada de muito diferente. Porta-retratos, canecas. Os produtos que bombam são populares ou clássicos? Então a busca por coisas originais ou renovadas deveria perseguir essa posição de virar um clássico?


Fotos de casais de mãos dadas, crianças brincando, retratos em família. Clichês ou clássicos?

Falta combinar com as pessoas. Quem escolhe o que é pop é o criador ou a criatura? pois na verdade (quase sempre) quem dita o consumo é a pessoa que compra. E isso está crescendo como tendência. Da personalização e de criar algo para mim com a minha cara. Ora, se é com a minha cara já é único e faça logo minha foto com a mão dada me puxando e de preferência na frente do Sol se pondo. Em defesa do consumidor posso dizer então que clichê é conforto. inclusive uma pesquisa mundial da Adobe sobre tendências visuais para 2021 colocou a Zona de conforto familiar como trend. Ou seja, as pessoas não necessariamente querem surpresas. Eu quero conforto. Clichê é confortável.


Calma, não estou dizendo para você não criar, não ser premiado ou inovar. Só lembre que o tal “clichê” pode ser outra coisa. Negócios, arte e tecnologia seguem trilhas distintas na fotografia. Se o empreendedor da fotografia ficar só no popularzão pode se perder. Se focar só em inovação pode morrer como negócio pois o que é original em excesso pode nem ser compreendido (e vendido).

A resposta não é conclusiva e me parece mais ligada com equilibrar o “mais do mesmo” com “a busca pela novidade”. E no mínimo fazer o que estamos fazendo até esse ponto do texto: parar, refletir e tentar entender sobre o que estamos fazendo hoje.



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